São Paulo — O coronel José Augusto Coutinho assume o comando da Polícia Militar (PM) em meio a desafios significativos, como a escalada da letalidade policial e episódios de violência que culminaram com o reconhecimento, pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), de uma crise institucional no final do ano passado.
A nova liderança da PM também terá que lidar com a imagem prejudicada devido ao envolvimento de policiais militares da ativa com membros do Primeiro Comando da Capital (PCC), revelado durante investigações sobre o assassinato do corretor de imóveis Vinícius Gritzbach em novembro. Antes de ser morto, Gritzbach denunciou corrupção entre policiais civis e um esquema de lavagem de dinheiro ligado à facção criminosa.
A aproximação das eleições de 2026 aumenta a pressão sobre o coronel Coutinho, apoiado pelo secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite. Tarcísio e o secretário devem concorrer nas eleições, tendo a segurança pública como principal pauta.
No que tange às estatísticas da PM, o aumento da letalidade foi expressivo em 2024, segundo ano de gestão de Tarcísio, atingindo 595 vítimas no período. Recentemente, a redução da letalidade foi percebida, com 158 mortes decorrentes de intervenção policial entre janeiro e março deste ano, em comparação com as 212 no mesmo período do ano passado. Contudo, vídeos de abordagens violentas continuam gerando questionamentos sobre a atuação da corporação.
Além disso, investigações do assassinato de Gritzbach levaram à descoberta do envolvimento de policiais militares com o PCC, incluindo membros da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota). O novo comandante da PM, José Augusto Coutinho, anteriormente à frente da Rota, teria sido informado sobre um esquema de favorecimento à facção criminosa, mas não teria tomado medidas a respeito.
O esquema envolvendo a Rota foi exposto a partir de informações compartilhadas por um traficante do PCC durante uma reunião informal no batalhão da Rota em 2021. O traficante relatou como policiais cobravam altas quantias para vazar informações sigilosas e beneficiar integrantes do PCC. Essas revelações impõem desafios significativos ao novo comandante da PM paulista.
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