Mensagens revelam como PMs faziam negócios com delator do PCC fuzilado

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São Paulo — Conversas de WhatsApp expõem a tentativa de policiais militares envolvidos no homicídio do corretor de imóveis Vinícius Gritzbach de negociar com o delator do Primeiro Comando da Capital (PCC) e lucrar com negócios escusos. Os prints das conversas, parte do inquérito policial militar, demonstram que PMs indiciados por organização criminosa buscavam investir em esquemas de lavagem de dinheiro junto a Gritzbach, fuzilado no Aeroporto de Guarulhos em novembro do ano passado.

Em um dos diálogos, o tenente Giovanni de Oliveira Garcia fala sobre a possibilidade de fechar um negócio com Gritzbach por intermédio do tenente Fernando Genauro da Silva para uma obra no Guarujá, litoral sul de São Paulo. Garcia, responsável por coordenar a segurança do corretor, menciona que Genauro teria atuado como motorista no momento da execução do delator, que denunciou a corrupção de policiais civis antes de ser assassinado.

Embora não haja confirmação se o negócio se concretizou, o relatório final do inquérito menciona negociações visando a ocultação de patrimônio, buscando terrenos, projetos e investimentos em nome de terceiros para não vincular o nome de Gritzbach aos registros.

“Com base nos diálogos das imagens, é possível concluir que os interlocutores dialogam sobre uma transação imobiliária envolvendo investimento financeiro e formalização documental em nome do terceiro identificado como ‘Vini’, ou seja, Antônio Vinícius Lopes Gritzbach.”

Em outra conversa, Garcia menciona o traficante ligado ao PCC, Emílio Congorra Castilho, conhecido como Cigarreiro, um dos mandantes do assassinato de Gritzbach. O tenente orienta Genauro a elaborar uma proposta de investimento para Gritzbach, porém alerta sobre o risco de envolver o Cigarreiro.

O indiciamento no caso envolve 15 pessoas por organização criminosa, mas não atribui a participação de Garcia ou dos PMs na segurança de Gritzbach no homicídio. Os policiais diretamente ligados ao assassinato foram indiciados por organização criminosa com prática de violência e responderão criminalmente pelo homicídio qualificado.

Quem era Vinícius Gritzbach

  • Jurado de morte pelo PCC, Gritzbach foi assassinado com 10 tiros de fuzil em Guarulhos, em novembro do ano passado.
  • Os mandantes do crime foram identificados como membros da facção conhecidos como João Congorra Castilho, o Cigarreio, e Diego Santos Alves, o Didi.
  • Gritzbach entrou na mira do PCC após suspeita de desviar investimentos e ordenar a morte de um traficante ligado à facção.
  • Em 2024, ele firmou um acordo de delação premiada, prometendo revelar detalhes sobre a cúpula do PCC em São Paulo.
  • A execução evidenciou um esquema de vazamento de informações por policiais em benefício do crime organizado.

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