No Brasil, o papel dos cuidadores de idosos se torna cada vez mais imprescindível à medida que a população envelhece. A realidade é palpável: segundo o IBGE, o número de pessoas com 60 anos ou mais na Bahia saltou de 1,5 milhão em 2014 para 2,3 milhões em 2024, refletindo uma tendência que se estende por todo o país. Famílias enfrentam o desafio de oferecer assistência qualificada aos seus entes queridos, e é nesse cenário que os cuidadores surgem como figuras centrais, proporcionando cuidados que abrangem aspectos sociais, físicos e emocionais.
Irá Souza dos Santos, uma técnica em enfermagem que cuida de três idosos, explica que “ser cuidadora é ser um depósito de amor, carinho e respeito pela história do idoso”. Essa conexão emocional vai além de simples cuidados físicos; os idosos precisam ser ouvidos, valorizando suas histórias e experiências. E esse compromisso com o bem-estar vai além; a qualificação é crucial. Irá, por exemplo, investiu em cursos especializados que a ajudaram a compreender as comorbidades mais frequentes na terceira idade, definindo a diferença entre um bom atendimento e um atendimento excepcional.
Joyce de Jesus Sena, com sete anos de experiência na área, também enfatiza a importância da formação contínua. Para ela, a preparação constante é vital, não só para lidar com as complexidades da saúde dos idosos, mas igualmente para atender às necessidades emocionais que eles demandam. “As famílias hoje buscam cuidadores não só pela fragilidade física, mas pela falta de tempo e conhecimento sobre as necessidades particulares de cada paciente”, ressalta.
A variedade no perfil dos idosos atuais é impressionante, como observa a docente Andréa Tavares. Existem os que precisam de cuidados intensivos e aqueles que, apesar da idade, continuam ativos e autônomos, mas que se beneficiariam de supervisão. O risco de quedas, por exemplo, é uma preocupação crescente e um fator determinante para a contratação de cuidadores. Nesse contexto, a experiência prática e o conhecimento adquirido em treinamentos se tornam essenciais para garantir a segurança e o conforto dos idosos.
Empatia e humanidade são características indispensáveis para um bom cuidador, como exemplifica Maria Clara Guimarães Rigaud, cuja mãe possui duas cuidadoras dedicadas. Elas se tornaram parte da família, trazendo não apenas assistência, mas também afeto e atenção, fundamentais para melhorar a qualidade de vida de sua mãe. “Sem elas, eu não conseguiria trabalhar ou cuidar de mim mesma”, ela compartilha, enfatizando o quanto a presença dessas profissionais é transformadora.
O caso de Rita Ribeiro, que busca uma cuidadora para sua mãe, Altanira, reflete o mesmo sentimento. Embora Altanira se mantenha ativa e envolvida em suas atividades diárias, a família reconhece que, em breve, um suporte adicional será fundamental para monitorar a saúde e proporcionar companhia. “Entendemos que uma profissional que entenda suas necessidades pode fazer toda a diferença”, explica Rita.
Valdirene Souza, filha da aposentada Hilda Nunes, reitera a importância da vocação no trabalho de cuidador. Após uma fase em que a família enfrentou limitações, elas decidiram contratar profissionais qualificados, reconhecendo que a formação adequada pode incluir emergências e cuidados específicos, garantindo a segurança e o bem-estar de Hilda.
À medida que o Brasil enfrenta um aumento significativo na expectativa de vida, que hoje ultrapassa os 76 anos, a necessidade de cuidadores capacitados se torna evidente. O administrador Antônio Carlos Moreira de Almeida, da Cuidare Barra, aponta que o público não se limita apenas aos idosos; pessoas mais jovens, lidando com depressão e outras condições, também buscam esse apoio, evidenciando uma necessidade crescente por cuidados personalizados.
Porém, é crucial que os cuidadores não substituam o papel da família nas interações sociais dos idosos. A socialização, a descoberta de novos hobbies e o fortalecimento de conexões interpessoais são fundamentais para a saúde mental e emocional, como salienta Andréa Tavares. Essa combinação entre cuidado profissional e laço familiar é a chave para um envelhecer pleno e digno.
Estamos numa fase de transformação em como vemos o envelhecimento e o cuidado dos idosos. Como você enxerga a importância dos cuidadores na sua vida ou na vida de alguém especial? Compartilhe suas experiências nos comentários! Sua voz pode fazer a diferença para outros que navegam por essa jornada.
Facebook Comments