Violência e seus atravessamentos: Brasil é o país que mais mata LGBTs

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LGBTFOBIA

Em 2023, 257 pessoas LGBTs foram vítimas de crimes de ódio no Brasil, diz relatório do GGB Bahia

Por Andrêzza Moura

18/05/2025 – 8:30 h

Keila Simpson é travesti e, hoje,  coordena o CPDD LGBT

Keila Simpson é travesti e, hoje, coordena o CPDD LGBT –

As cicatrizes da violência estão presentes em cada esquina. Roseli, nome fictício, é uma testemunha disso. Em uma operação policial em Salvador, foi agredida por um soldado que a rotulou com xingamentos. “Senti o tapa no rosto e, em um instante, perdi a noção”, relata. A coragem de registrar a ocorrência foi sufocada pelo medo de represálias, um temor que muitos da comunidade LGBTQIAPN+ conhecem bem.

Infelizmente, a história de Roseli não é uma exceção. De acordo com o Atlas da Violência 2025, divulgado recentemente, as agressões contra a população LGBTQIAPN+ aumentaram drasticamente entre 2022 e 2023. As notificações revelam um aumento de 35% para homossexuais e bissexuais, e impressionantes 43% para travestis e transexuais.

Keila Simpson, coordenadora do Centro de Promoção e Defesa dos Direitos de LGBT da Bahia, expressa sua preocupação: “A violência contra a comunidade cresceu de maneira alarmante. A falta de dados claros sobre essas agressões reflete a naturalização da violência, tornando a denúncia ainda mais difícil.” Em suas palavras, ecoa um chamado urgente para ação.

Para Keila, uma pergunta inquietante persiste: “Como podemos lutar contra o que não é reconhecido?” A invisibilização das violências sofridas deixa um rastro de dor nas vítimas, que se veem desmotivadas a buscar justiça.

‘Vou para casa depois de tomar uma porrada, vou esperar passar, esperar o machucado sarar. Vou seguir minha vida.’

Além das estatísticas, a violência se revela em formas sutis. Davi Matos, empresário e ex-PM, nunca enfrentou violência física, mas viveu um pesadelo emocional. A expectativa de ser aceito quanto à sua orientação sexual tornou-se uma batalha constante. “Era como se eu tivesse que provar minha sexualidade em todos os momentos”, lembra.

O empresário Davi Matos transformou a dor em luta

O empresário Davi Matos transformou a dor em luta | Foto: Arquivo pessoal

A destruição que resultou desse assédio moral o levou a uma crise de depressão. Após anos de sofrimento, decidiu abandonar o cargo e traçar seu próprio caminho. “A luta continua, e é por aqueles que não conseguiram lutar”, afirma Davi.

The digital age has its own shadows. Em 2023, uma pesquisa mostra que o Brasil lidera a lista de interações de ódio dirigidas a pessoas LGBTQIAPN+ nas redes sociais. O influencer digital Yuri Pereira vive essa dura realidade. “Já perdi a conta de quantas vezes me criticarão por ser quem sou e pela minha família”, desabafa.

O influencer digital Yuri Pereira, 25 anos, já foi vítima de violência na internet por ser filho de mãe lésbica

O influencer digital Yuri Pereira, 25 anos, já foi vítima de violência na internet por ser filho de mãe lésbica | Foto: Arquivo pessoal

Com quase 800 mil seguidores, Yuri ainda enfrenta mensagens de ódio que distorcem o amor de sua família. “Foi doloroso saber que existem pessoas que não aceitam o amor verdadeiro”, reflete.

Os dados do Observatório de Mortes Violentas de LGBTQIAPN+ no Brasil, revelam uma realidade aterradora: 257 mortes em 2023. Este alarmante número destaca a crescente violência e a necessidade urgente de mudança.

Hoje, Davi Matos se ergue como um símbolo de resistência e esperança, lutando pela inclusão verdadeira, respeito e igualdade. “Queremos que a nossa realidade seja reconhecida e as nossas existências normalizadas, assim como todos merecem”, afirma, num grito por justiça e dignidade.

Hoje, no Dia Internacional de Combate à LGBTfobia, sua mensagem ressoa: “Precisamos de respeito, precisamos de mudança.” Que possamos nos unir nesta luta. E você, o que pensa sobre essa realidade? Deixe seu comentário e compartilhe sua opinião.

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