DIA DA ADOÇÃO
Estado enfrenta desafios com adoção infantojuvenil
24/05/2025 – 6:30 h

Crianças assistidas pela OAF –
Às vésperas do Dia Nacional da Adoção, que ocorre neste domingo, 25 de maio, os desafios enfrentados por crianças e adolescentes à espera de um lar tornam-se ainda mais evidentes. Na Bahia, autoridades e lares de acolhimento travam uma luta diária, buscando um futuro mais promissor para essas crianças.
Segundo dados recentes do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), existem 261 crianças e adolescentes aptos para adoção e 1.367 pretendentes buscando um filho. Isso representa uma discrepância alarmante, com mais de cinco vezes o número de interessados em relação às crianças disponíveis. Os especialistas apontam para a preferência dos pais por perfis específicos durante o processo de adoção como uma das causas para essa desigualdade.
“A maioria das pessoas deseja recém-nascidos, do sexo feminino e sem irmãos. É natural querer vivenciar todas as fases da vida de uma criança, mas é essencial refletir sobre os muitos jovens que estão prontos para serem adotados e que frequentemente não atraem interesse”, observa o desembargador Salomão Resedá, do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia (TJBA), que coordena a Infância e Juventude (CIJ).
Disponíveis
Atualmente, 67% das crianças disponíveis na Bahia são pardas, 27,2% pretas e 5,7% brancas. A faixa etária mais comum entre as crianças disponíveis é de 14 a 16 anos, com 48 jovens, seguidos por 42 com mais de 16 anos. Os menores de dois anos são escassos — apenas 15. Além disso, 144 crianças têm pelo menos um irmão, enquanto 117 não possuem.
Atualmente, a Bahia ocupa a sexta posição no Brasil em número de crianças disponíveis para adoção, superada por estados como São Paulo e Minas Gerais. Desde 2019, 566 crianças e adolescentes foram adotados no estado, um número que ainda está longe do ideal.

Bahia é 6º com maior número de crianças disponíveis | Foto: Uendel Galter/Ag. A Tarde
O desembargador Salomão também destaca a morosidade nos processos de adoção, que deveriam ser finalizados em até 120 dias, mas muitas vezes se prolongam devido a encaminhamentos judiciais. “O judiciário tem se esforçado para acelerar esses processos, mas é lamentável que alguns atrasos sejam causados pela falta de cumprimento por parte das partes interessadas”, afirma.
Desafios
A psicóloga Alessandra Meira, da CIJ, ressalta a realidade preocupante dos jovens que atingem a maioridade sem serem adotados. “Aos 18 anos, as chances de adoção diminuem drasticamente. Precisamos preparar esses adolescentes, oferecendo-lhes programas de profissionalização para que possam se tornar autônomos ao deixar o acolhimento”, enfatiza.
Vera Lúcia Guimarães, fundadora do Lar Pérolas de Cristo, onde crianças são acolhidas, compartilha uma triste realidade: “Adolescentes aqui quase não são adotados. A maioria dos casais busca apenas crianças brancas e recém-nascidas, deixando muitos meninos e meninas sem perspectivas. Elas só querem alguém que as ame, um pai ou mãe que diga: ‘Meu filho, eu te amo’.”
Esperança
Na Organização de Auxílio Fraterno (OAF), Jennifer Vitória da Silva, de 14 anos, é uma das novas acolhidas que nutre esperanças. “Acredito que um dia encontrarei uma família que cuidará de mim como a ‘verdadeira’ não fez. Para mim, viver aqui não é ideal”, compartilha.
“Adotar é um ato de amor e acolhimento. Infelizmente, as crianças que estão nesses lares não tiveram a mesma sorte que outras. A instituição pode ajudar, mas não substitui a presença de um pai ou mãe”, argumenta Josias Sousa, presidente da OAF.
O processo de adoção é gratuito e deve ser iniciado na Vara de Infância e Juventude mais próxima. Os interessados precisam ter pelo menos 18 anos, independentemente do estado civil, respeitando a diferença mínima de 16 anos em relação à criança escolhida.
O futuro dessas crianças está em nossas mãos. Compartilhe esta mensagem e inspire outros a refletir sobre como podem ajudar a mudar essa realidade.
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