Na manhã desta quarta-feira (28/5), Antonio Ramiro Lourenzo, ex-assessor do gabinete do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, fez sua aparição inusitada no Supremo Tribunal Federal (STF) como testemunha de defesa. Vestindo uma roupa de academia verde e se apresentando de dentro de um carro, ele rapidamente se tornou o foco das atenções durante a audiência.
A sessão, conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes, é parte da investigação que apura uma alegada trama golpista para manter Jair Bolsonaro no poder após a derrota nas eleições de 2022. Ao longo do dia, cinco testemunhas indicadas pela defesa de Torres devem ser ouvidas, revelando uma trama que promete desdobramentos importantes.
Além da escolha peculiar de vestuário, a audiência contou com Lourenzo mantendo o fundo de sua câmera desfocado. As oitivas são restritas e não podem ser gravadas, aumentando o mistério que envolve seu depoimento. Importante ressaltar que o ex-assessor também exerceu a função de secretário-executivo do Ministério da Justiça durante a gestão de Torres.
Até o presente momento, o STF já ouviu diversas testemunhas indicadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR), revelando um cenário complicado. A lista inclui depoentes como Mauro Cid, ex-ajudante de ordens, e figuras proeminentes como o general Walter Souza Braga Netto e o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno.
Papel de Anderson Torres
A acusação contra Anderson Torres, sustentada pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, destaca que o ex-secretário de Segurança do Distrito Federal faria parte de uma organização criminosa desde junho de 2021. Segundo a denúncia, o grupo, supostamente liderado por Jair Bolsonaro, atuou em atos antidemocráticos em 8 de janeiro de 2023, utilizando violência para tentar impedir o funcionamento regular dos Poderes e depor um governo legitimamente eleito.
Gonet menciona que a participação de Torres na trama pode ser rastreada até uma live de Bolsonaro em 2018, onde o então ministro disseminou informações enganosas sobre o sistema eletrônico de votação. Relativo aos eventos de 8 de janeiro, o procurador destacou que Torres e outros responsáveis pelas forças de segurança demonstraram uma omissão deliberada de suas funções, resultando na ocorrência de atos violentos.
“As informações não compartilhadas indicam uma omissão dolosa dos responsáveis pela ordem pública, favorecendo o plano disruptivo da organização criminosa. Eles falharam em cumprir os deveres de prevenção aos eventos prejudiciais”, afirmou Gonet, enquanto Torres nega veementemente todas as alegações.
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