Lula pede que Macron “abra o coração” ao acordo Mercosul-União Europeia, mas o francês segue com posição contrária

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No início de sua visita à França, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um apelo ao seu homólogo francês, Emmanuel Macron: “abra o coração” para facilitar a concretização do tão aguardado acordo entre o Mercosul e a União Europeia.

Durante uma coletiva no Palácio do Eliseu, Lula revelou sua determinação: “Assumirei a presidência do Mercosul em 6 de junho, e não sairei sem concluir o acordo com a UE. Por isso, meu caro Macron, abra seu coração”.

No entanto, Macron demonstrou resistência. Os produtores franceses estão preocupados com a possibilidade de o acordo favorecer o agronegócio sul-americano, o que, segundo eles, poderia resultar em perdas financeiras e demissões em massa.

O presidente brasileiro, por sua vez, argumentou que a resposta da França ao tratado seria fundamental frente ao unilateralismo e ao protecionismo tarifário que emergem globalmente, apontando as tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Para Macron, o tempo à frente do Mercosul poderia ser aproveitado para aprimorar o tratado, alegando que o texto atual compromete tanto o meio ambiente quanto a agricultura francesa.

Ele expressou sua preocupação: “Como explicar aos meus agricultores que, enquanto peço que sigam novas normas, estou abrindo meu mercado para produtos que não seguem nada? Isso não é benéfico para o clima, e nossa agricultura seria severamente afetada”.

Macron insistiu ainda na necessidade de uma cláusula de reciprocidade, assegurando que padrões fitossanitários iguais sejam aplicados aos dois blocos, além de uma cláusula de “freio” que impediria partes do acordo caso houvesse desestabilização em setores específicos.

Em resposta, Lula enfatizou que a agricultura brasileira é complementar à francesa. “Não podemos ter bloqueios. Vamos facilitar o diálogo entre nossos agricultores e cooperativas. Estou certo de que teremos uma conversa produtiva”, assegurou.

Na mesma manhã, Lula e Macron celebraram 20 acordos bilaterais que abrangem áreas como meio ambiente e segurança. Um dos destaques foi a implementação do Programa de Desenvolvimento de Submarinos, considerado a maior iniciativa de cooperação em defesa já realizada pelo Brasil.

Além disso, os governos discutiram uma nova encomenda de aeronaves para o Brasil, e as polícias federais de ambos os países estreitaram esforços para combater o tráfico, o garimpo ilegal e o desmatamento na Amazônia. Foram também firmados acordos sobre a produção de hidrogênio de baixo carbono e descarbonização do setor marítimo.

Vale lembrar que há 13 anos não ocorre uma visita oficial de um chefe de Estado brasileiro à França; a última aconteceu em 2012, durante a presidência de Dilma Rousseff.

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