Uma Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (Aime) foi protocolada contra o prefeito Tadeu Dias (PT) e o vice-prefeito Amauri Braga (PT), eleitos em Campo Alegre de Lourdes. O ex-candidato à prefeitura Eurâny Mangueira (Republicanos) alega que ambos usaram a máquina pública para cooptar votos durante a campanha de 2024. O caso está sob análise na 67ª Zona Eleitoral.
A ação, que corre em sigilo, trouxe à tona vídeos e testemunhos de moradores que sustentam a ideia de que serviços públicos, como perfuração de poços artesianos e abertura de barreiros, foram realizados em troca de votos. Essas obras teriam ocorrido sob a supervisão do então prefeito Dr. Enilson Marcelo (PT), em plena campanha eleitoral.
Os serviços foram distribuídos em comunidades como Nova Vista, Lagoa dos Bois e Cacimba da Vaca, sempre em momentos próximos às eleições. Os vídeos anexados revelam depoimentos que associam a chegada desses benefícios ao apoio eleitoral a Tadeu Dias e aos esforços do vereador Márcio Cataioba (MDB).
Um vídeo produzido por um apoiador da chapa opositora mostra uma retroescavadeira da prefeitura em ação na comunidade de Tamboril dias antes da votação. Além disso, há relatos de moradores que afirmam terem sido avisados de que a entrega de poços estaria condicionada a votos a favor do prefeito e seus aliados.
“Essas condutas demonstram que o atual prefeito distribuiu benefícios aos munícipes com uma intenção claramente eleitoral, visando angariar apoio. Os depoimentos revelam um padrão preocupante de manipulação, onde eleitores eram pressionados a ‘vender’ seu voto”, destacou o advogado da acusação.
A DEFESA
Os advogados de Tadeu Dias e Amauri Braga contra-atacam, afirmando que os vídeos são fabrication politica — inclusive produzidos por Valdomiro Mendes, o vice-candidato na chapa adversária. Eles alegam que as gravações contêm falas induzidas e são, por isso, provas ilegítimas, uma vez que foram obtidas sem autorização judicial.
“Conforme mostrado na Contestação, a ação não apresenta provas consistentes que envolvam os acusados nas obras. As postagens nas redes sociais dos réus e a falta de identificação em gravações questionadas enfraquecem a acusação”, afirmou o advogado de Tadeu.
A defesa ainda argumenta que os poços abertos fazem parte de uma política pública contínua para mitigar a seca, criada a partir de um estado de emergência. Os defensores insistem que os depoimentos estão distantes de qualquer comprovação de práticas ilícitas por parte dos acusados.
O Ministério Público Eleitoral ainda não divulgou um parecer definitivo sobre o caso. A tramitação na 67ª Zona Eleitoral de Remanso poderá culminar na cassação dos mandatos e na inelegibilidade dos réus por um período de oito anos, caso as acusações sejam confirmadas.
Na tentativa de buscar uma posição, o Bahia Notícias fez contato com a prefeitura, mas não obteve retorno. Apesar de ter acesso aos vídeos do processo, a reportagem optou por não divulgá-los para respeitar o sigilo das testemunhas.
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