Brasil se torna líder na exportação de bovinos vivos pelo mar; atividade gera críticas por sofrimento animal e riscos socioambientais

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O Brasil consolidou sua posição como o maior exportador de bovinos vivos por via marítima, com mais de 960 mil animais enviados para abate no exterior em 2024. Essa conquista, que superou a Austrália, marca uma nova era para o país, segundo dados revelados pela ONG Mercy For Animals (MFA).

No primeiro quadrimestre de 2025, 298,2 mil bois vivos já foram exportados, número que ultrapassa o total anual de diversas edições anteriores. Apesar desse êxito econômico, a sociedade civil se opõe à prática: uma pesquisa da Ipsos indica que 84% dos brasileiros acreditam que a exportação deveria ser proibida.

Os críticos apontam que o transporte marítimo de animais vivos impõe condições desumanas. Os bois são mantidos em compartimentos reduzidos, enfrentando superlotação e más condições de higiene, com dejetos acumulados ao seu redor. Muitos deles não sobrevivem ao rigor da viagem, enquanto nos países importadores, abates muitas vezes desumanos ocorrem.

Vanessa Garbini, vice-presidente de Relações Institucionais e Governamentais da MFA, destaca que esse cenário não apenas causa sofrimento animal, mas também representa riscos à saúde pública. “O transporte de animais vivos é um vetor para a transmissão de doenças zoonóticas, podendo desencadear novas pandemias”, alerta.

Impactos ambientais alarmantes

Os desafios não param na saúde animal. Vanessa esclarece que a exportação marítima também gera danos ambientais significativos, afetando a qualidade do ar e os ecossistemas marinhos. “Esse comércio não apenas prejudica a segurança da navegação, mas também propaga doenças”, enfatiza.

De acordo com o The Guardian, as embarcações que transportam esses animais têm duas vezes mais chances de naufragar. Em 2015, um acidente no Pará resultou na perda de mais de 5 mil bois e causou graves consequências ambientais, poluindo rios e praias.

Movimento em busca de mudanças

No cenário legislativo, quatro propostas tramitam no Congresso Nacional, refletindo a pressão da sociedade sobre a atividade. A MFA acompanha de perto o progresso dessas iniciativas:

  • PL 3093/2021: proíbe a exportação de animais vivos para abate no exterior. Situação: aguardando incluíção em Ordem do Dia;
  • PLP 23/2024: veto à isenção tributária. Situação: pronta para pauta na Comissão de Meio Ambiente;
  • PL 786/2024: aumento da alíquota do imposto de exportação para 50%. Situação: aguardando parecer;
  • PL 2627/2025: Programa para a Redução Progressiva da Exportação. Situação: aguardando despacho do Presidente da Câmara.

Além das propostas legislativas, uma ação civil pública movida pelo Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal tramita desde 2017. A justiça já acatou pedidos para suspender a exportação, mas a decisão ainda depende de confirmação em níveis superiores.

Enquanto alguns países como Reino Unido e Alemanha avançam para restringir essa prática, a sociedade brasileira se mobiliza, aguardando por mudanças que possam garantir mais respeito e dignidade aos animais e ao meio ambiente. Que tal compartilhar sua opinião sobre essa questão tão relevante? Deixe seu comentário!

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