Como é o dia a dia dos iranianos entre bombas de Israel

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Em meio ao cotidiano angustiante dos iranianos, a esperança se esvai enquanto o conflito se intensifica. O governo havia prometido que o metrô de Teerã operaria 24 horas para abrigar os cidadãos, mas, na prática, as estações permaneceram fechadas. Vahid, um morador local, expressa sua frustração: “No nosso dia a dia, já enfrentamos atrasos e superlotação. Como poderiam lidar com ainda mais pessoas?” Com apenas dez linhas e a distância de algumas estações de bairros afastados, o que deveria ser uma solução se torna mais uma barreira.

A solidariedade entre os habitantes tem se destacado nas redes sociais, onde dicas de segurança e abrigos temporários são compartilhados. Ao contrário de Israel, que possui um extenso sistema de defesa, o Irã carece de abrigos adequados em cada área e do acesso a informações cruciais. Um usuário da rede X postou a localização de poucos abrigos subterrâneos, vestígios de um passado de guerra, mas muitos desconhecem mesmo sua existência.

Nos céus, a presença constante de aviões israelenses intensifica o sentimento de vulnerabilidade. “Parece que o país deles está sobre nós”, desabafa Reza, que decidiu ficar em Teerã para cuidar da mãe. Com o balanço trágico de 639 mortos e mais de mil feridos, segundo fontes não oficiais, a agonia da população é palpável.

Crise energética

Ao tentar escapar da capital, os cidadãos se deparam com congestionamentos e a gravíssima escassez de combustível. Fila após fila nos postos de abastecimento coloca em risco o transporte de mercadorias essenciais, especialmente alimentos. Os bombardeios direcionados a instalações de gás e petróleo apenas acentuam a crise energética já existente, marcada por frequentes pancadas de apagão e cortes de água, o que se torna um verdadeiro risco à saúde pública.

Em meio a essa tumultuada realidade, o medo se espalha. A moeda iraniana desvaloriza rapidamente e as pessoas, com receio, buscam trocar dinheiro por ouro. “Mas as casas de câmbio estão quase todas fechadas”, observa Reza.

“As pessoas estão com medo, trocam dinheiro por ouro ou moeda estrangeira. Mas os escritórios de câmbio estão quase todos fechados”, relata Reza.

Com o bazar de Teerã, um símbolo da economia, fechado, a desolação se torna evidente. “Fui comprar leite para minha mãe e, ao invés da habitual agitação, encontrei um deserto”, compartilha um cidadão. O ataque cibernético ao banco estatal Sepah complicou ainda mais as transações financeiras, agravando a paralisia da economia.

“Não acho que o governo nos abandonou, mas acredito que é incapaz de proteger a população. O conflito envolve forças totalmente desiguais”, comenta Vahid.

A desconexão com o mundo exterior é outro golpe duro. Desde a última quarta-feira, a comunicação com os iranianos no exterior tornou-se escassa devido ao corte completo de internet, amplificando a sensação de isolamento e vulnerabilidade. “Eles não querem que a informação circule”, argumenta Afsaneh Salari, de Berlim.

Jornalista vai preso

No meio desse cenário desolador, a repressão às vozes críticas persiste. O jornalista Ali Pakzad, do diário reformista Shargh, foi preso por relatar os ataques israelenses, refletindo a atmosfera opressora que envolve a cobertura da crise. Apesar de sua liberação, outras prisões ocorreram, incluindo a de Sajad Mashhadi Hemmatabi, capturado sob alegações nebulosas de espionagem.

Entrando e saindo das grades, a ativista Motahareh Goonehi foi presa novamente após ter sido libertada da prisão de Evin. O rapper Toomaj Salehi, que passou a viver sob ameaças de condenação à morte, foi rapidamente detido novamente, mas liberado em poucas horas. O regime continua a atacar as vozes dissidentes, como evidenciado pelas recentes prisões de 24 pessoas acusadas de tentarem “perturbar a opinião pública”.

Em meio a tamanha adversidade e repressão, a vida continua, mas a necessidade urgente por mudança e proteção é cada vez mais palpável. Como você vê a situação atual? Compartilhe suas reflexões nos comentários.

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