Em um momento em que a liberdade de expressão se vê ameaçada, uma vereadora de Santa Catarina, cuja identidade prefiro omitir, provocou um alvoroço ao criticar a obra-prima “Capitães da Areia”, de Jorge Amado. Para ela, a leitura desta obra, aclamada mundialmente e traduzida para 49 idiomas, seria uma “tentativa de marginalizar” as crianças. Essa perspectiva distorcida não apenas revela um despreparo alarmante, mas também acende um alerta sobre a censura, uma prática que já foi uma triste realidade em nossa história.
Censuras anteriores, como as que afetaram “O Menino Marrom”, de Ziraldo, e “O Avesso da Pele”, de Jefferson Tenório, mostram que ataques a obras literárias são um ciclo repetitivo. São os educadores e profissionais de pedagogia quem devem ter a palavra final sobre as bibliografias escolares, garantindo que crianças tenham acesso a obras que, mesmo em formato cinematográfico, continuam a formar consciências críticas.
Relembrar o passado é crucial. Em 1937, dois mil exemplares dos livros de Jorge Amado foram queimados, em um ato simbólico do regime do Estado Novo. A história dos livros no Brasil é marcada por tentativas de silenciamento; durante a ocupação portuguesa, bibliotecas clandestinas eram arrasadas, pois o conhecimento era tratado como contrabando. Após a independência e a República, o Brasil ainda luta contra ondas de censura que ameaçam a liberdade de pensamento.
Até mesmo sob as sombras do regime militar, cidadãos corriam o risco de represálias por possuírem obras consideradas subversivas. A brutalidade que muitos enfrentaram por se interessarem por arte e literatura continua a ecoar em nossas memórias. Apesar das décadas de democracia que se seguiram, a luta pela liberdade de expressão e pelo respeito ao conhecimento persiste. O aumento das práticas fascistas e a busca por censurar a informação revelam que a estante de livros, símbolo do saber, continua a ser vista como uma ameaça à ignorância.
Convido todos a refletirem sobre essa questão: o que você pensa sobre a censura à literatura? Como podemos garantir que obras essenciais continuem a ser lidas e valorizadas? Compartilhe suas ideias nos comentários e engaje-se nessa conversa vital para o futuro da nossa cultura.
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