A produção de carne gera um impacto ambiental significativo, impulsionando a busca por alternativas sustentáveis. Em diversas culturas, o consumo de insetos não é novidade, e há um crescente interesse em produtos como grilos e larvas, que são explorados como fontes de proteína. No entanto, um estudo recente publicado na npj Sustainable Agriculture revela que as chances de os insetos substituírem a carne em larga escala são limitadas.
A principal barreira para a adoção dos insetos como alimento não reside na tecnologia, mas sim na cultura. A maioria dos consumidores ainda hesita em aceitar a ideia de incluir insetos em sua dieta, mesmo quando moídos ou incorporados em receitas. Além disso, esses produtos geralmente apresentam preços mais altos, sabores menos atrativos e são menos acessíveis do que as opções vegetais, que já conquistaram o mercado.
“Não basta ter um bom argumento ambiental. Se as pessoas não consumem, o impacto é nulo”, afirmam os autores do estudo, enfatizando que o repúdio é acentuado pela falta de familiaridade e por preocupações com a segurança alimentar. A ausência de um contexto culinário, como o que ocorreu com o sushi, também dificulta a aceitação.
Os dados da pesquisa realizada por cientistas dos EUA e França são claros: entre os países ocidentais, menos de um terço da população demonstrou disposição para experimentar alimentos que contenham insetos, como salsichas ou barras energéticas. O preço elevado continua a ser um impeditivo significativo, tornando esses produtos pouco competitivos em comparação com alternativas vegetais.
Vale ressaltar que muitos produtos à base de insetos não têm a capacidade de substituir diretamente a carne. A maioria das opções disponíveis está voltada para snacks e itens como massas ou barras, que competem, na verdade, com alternativas vegetais e não com carnes como bifes ou hambúrgueres.
Outro ponto a destacar é o baixo investimento no setor. Em 2022, menos de 1% do capital destinado à indústria de insetos foi alocado para o desenvolvimento de alimentos para consumo humano, sendo que a maior parte ainda se concentra na produção de ração animal, onde a aceitação é maior.
Os pesquisadores alertam que a ideia de que os insetos revolucionarão a alimentação humana pode ser mais uma questão de marketing do que uma realidade palpável—pelo menos por ora.
Embora os insetos apresentem uma pegada ambiental menor que a carne tradicional, ainda ficam atrás das opções vegetais, que são mais acessíveis e populares. Produtos à base de plantas, como hambúrgueres e nuggets de soja ou ervilha, já conquistaram prateleiras de supermercados e têm aceitação de até 90% entre consumidores interessados em reduzir a ingestão de carne.
Por isso, os pesquisadores concluem que insistir nos insetos como a principal alternativa pode desviar atenção e recursos de soluções mais viáveis e eficazes. “Insetos podem ter seu lugar, mas não devem ser vistos como a solução mágica para os problemas ambientais relacionados à carne”, afirmam.
E você, o que pensa sobre o uso de insetos na alimentação? Compartilhe suas ideias e vamos trocar opiniões!
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