O advogado Eduardo Kuntz, defensor do coronel do Exército Marcelo Câmara, ex-assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro, prestou um longo depoimento à Polícia Federal (PF) em São Paulo. A sessão, que durou cerca de cinco horas, teve como foco as mensagens trocadas entre Kuntz e o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens e delator de Bolsonaro.
Essas comunicações, realizadas pelo Instagram sob a conta @gabrielar702 – que, segundo Kuntz, pertence à esposa de Cid –, levaram-o a pedir a nulidade da delação de Mauro Cid. Sua convocação para depor alegou uma suposta obstrução à justiça.
Kuntz chegou à PF por volta das 14h30 e saiu às 20h30. Em sua saída, expressou gratidão ao delegado Fabio Schor pela oportunidade de esclarecer sua posição, reiterando que sua atuação foi dentro dos limites legais e éticos. “Minha atuação profissional e legal foi totalmente dentro dos parâmetros, sem qualquer tipo de conduta ilícita ou falha ética”, afirmou à imprensa.
A defesa de Mauro Cid revelou que familiares do tenente-coronel foram abordados por advogados de Bolsonaro e Kuntz, mesmo após Cid ter assinado um acordo de colaboração premiada homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A oitiva de Cid também ocorreu na mesma data, mas em Brasília.
Na PF de São Paulo, outros advogados de Bolsonaro também prestaram depoimento. Enquanto Paulo Amador Bueno esteve presente por cerca de 40 minutos e não fez declarações, Fábio Wajngarten falou com a imprensa após uma hora, afirmando não ter contato com a família de Cid desde agosto de 2023.
Entenda o Caso
- O ministro Alexandre de Moraes, do STF, ordenou os depoimentos com base em documentos apresentados pela defesa de Mauro Cid, indicando possível infração à Lei das Organizações Criminosas.
- O inquérito investiga Kuntz e Marcelo Câmara, surgido a partir de relatos de abordagens feitas por advogados da defesa a familiares de Cid, mesmo após seu acordo de delação.
- Entre as provas estão declarações da esposa, mãe e filha de Cid, bem como o celular da adolescente, que a PF agora está analisando.
- Kuntz é acusado de ter tentado contatar Mauro Cid por meio de sua filha, sugerindo a exclusão de informações do celular. Em uma de suas mensagens, mencionou realizar “limpadas” regulares em seu dispositivo.
- Além dessas interações, houve relatos de abordagens pessoais a familiares em eventos sociais, com o intuito de influenciar a defesa de Cid.
“`
Comentários Facebook