Em um dia que deveria ser de celebração e espiritualidade, cerca de 200 muçulmanos invadiram um retiro cristão em Tangkil, Java Ocidental, Indonésia. O ataque ocorreu logo após as orações na mesquita local, resultando em danos materiais significativos e na expulsão de 36 jovens que participavam do encontro. As janelas da residência foram quebradas, um carro danificado e até uma motocicleta foi lançada em um rio próximo.
Vídeos que circularam nas redes sociais revelaram o caos do momento: manifestantes agridem a propriedade, quebram objetos com cadeiras e ferramentas, enquanto um homem, em um ato simbólico agressivo, remove uma cruz de madeira de forma chocante. Apesar da presença policial, a intervenção demorou, com os oficiais limitando-se a evacuar os jovens após o início do vandalismo.
A casa atacada pertence a Maria Veronica Ninna, que não estava presente no local. Segundo moradores, a prática de cultos cristãos sem a devida permissão em um assentamento majoritariamente muçulmano gerou a indignação da comunidade. Um morador que preferiu não se identificar expressou que, embora não queiram ser intolerantes, a realização de cultos em segredo era motivo de preocupação.
O incidente foi desencadeado após uma provocação durante uma visita de autoridades locais à residência da família Ninna. Tri Romadhono, da Agência de Unidade Nacional e Política da Regência de Sukabumi, classificou o ataque como uma “reação espontânea” dos moradores. A legislação indonésia exige permissão para a construção de igrejas, mas cultos em casas, cafés e lojas podem ser realizados sem autorização — um ponto que gera controvérsia na comunidade.
Hendra, chefe do bairro, alegou que a casa havia sido utilizada repetidamente para cultos, frequentemente com a presença de visitantes externamente. O líder da vila, Ijang Sehabudin, revelou que tentativas de diálogo para suspender esses encontros foram ignoradas, causando um sentimento de violação dos “direitos ambientais” dos moradores.
Após o ocorrido, um acordo foi estabelecido, com os moradores se comprometendo a reparar os danos. As autoridades locais enfatizaram que a casa deverá ser usada apenas como residência, acreditando que tais incidentes não se repetirão. Contudo, ativistas como Permadi Arya levantaram a questão da intolerância religiosa, apontando que a verdadeira raiz do problema é a hostilidade contra a fé cristã, apoiada por um histórico de negligência estatal.
Na Indonésia, que abriga a maior população muçulmana do mundo, o exercício da liberdade religiosa frequentemente enfrenta barreiras administrativas e resistência social. A luta por reconhecimento e direitos das minorias religiosas se intensifica à medida que ocasiões de perseguição se tornam mais frequentes. Este episódio não é apenas um reflexo de tensões regionais, mas também um chamado à reflexão sobre os direitos humanos e a liberdade de culto no país.
Queremos saber a sua opinião sobre o que aconteceu em Sukabumi. Acredita que a liberdade religiosa deve ser garantida a todos? Comente abaixo e compartilhe suas perspectivas!
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