Uma complexa trama de fraudes envolvendo grileiros no Pará foi desvendada pela Polícia Federal (PF), revelando como esses criminosos manipulavam o Cadastro Rural Ambiental (CAR) para escapar de multas e lucrar com terras griladas. A investigação expôs táticas como alteração de coordenadas geográficas, renomeação de propriedades e criação de áreas fictícias para burlas ambientais.
Esses grileiros não apenas ocultavam desmatamentos, mas também utilizavam terras ilegais como garantia para empréstimos públicos. O CAR, um registro obrigatório que coleta informações ambientais das propriedades rurais, é vulnerável a esse tipo de manipulação, já que sua natureza é autodeclaratória, permitindo que proprietários façam inserções fraudulentas.
Com base na apuração, a PF identificou dois métodos que facilitavam a fraude: o preventivo, em que as propriedades eram alteradas antes de serem autuadas, e o interventivo, que ocorria após uma infração já detectada. Esse último impedia a responsabilização dos infratores, criando um verdadeiro caos para a fiscalização ambiental.
A análise de propriedades, como a Fazenda Talismã, mostrou mudanças sutis nas informações que levantaram suspeitas. Após a integração de tecnologias de geoprocessamento, as alterações nas áreas cadastradas tornaram-se evidentes, revelando um padrão de desmatamento e evasão fiscal.
Outros casos intrigantes incluem a Fazenda Teresópolis, que teve sua área drasticamente reduzida de mais de 1500 hectares para menos de 44, e a Fazenda Araçá, que também experimentou uma diminuição abrupta em sua área cadastrada. Essas alterações foram sistemáticas, muitas vezes acompanhadas de trocas de nome para dificultar o rastreamento.
A investigação, parte da operação Imperium Fictum, levou ao bloqueio de R$ 600 milhões dos envolvidos e resultou no indiciamento de oito pessoas, incluindo Debs Antônio Rosa, apontado como líder do esquema. As revelações não apenas expõem um mercado clandestino lucrativo, mas também ressaltam a corrupção que permeia o sistema que deveria proteger o meio ambiente.
Essa trama ainda gera desdobramentos, levantando questões sobre a eficácia da fiscalização ambiental no Brasil. O que você pensa sobre a corrupção que permite a grilagem de terras? Compartilhe suas opiniões nos comentários.
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