O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, compartilhou a visão do governo federal sobre o foco nas indústrias mais vulneráveis, especialmente aquelas que produzem sob medida para o mercado americano e, assim, enfrentam dificuldades em redirecionar seus produtos. Essas empresas, segundo ele, carecem de uma atenção mais cuidadosa, dado que as taxas impostas pelos Estados Unidos tornam sua situação ainda mais desafiadora.
As commodities, como carne e café, encontram-se em uma posição mais favorável, pois podem ser vendidas em outros mercados. Haddad destacou a irracionalidade da manutenção do café na lista de produtos taxados em 50%, enfatizando que isso elevará os custos para os consumidores americanos, sem trazer benefício para os exportadores brasileiros.
O ministro fez um apelo aos governadores, incentivando-os a se unirem ao governo federal para estabelecer parcerias que mitiguem os impactos dessas taxas. Citou como exemplo o Ceará, que implementou uma estratégia para apoiar pequenos produtores de pescados afetados pelos impostos. “Governadores que desejam colaborar podem apresentar as áreas sensíveis, e juntos podemos buscar soluções”, afirmou.
Ao ser questionado sobre a influência do Brics nas tarifas elevadas por Trump, Haddad refutou essa ideia, afirmando que, se fosse verdade, outros países do bloco também teriam sido prejudicados. Ele defendeu o comércio em moeda local como uma alternativa viável, reiterando que a força do dólar é um assunto que compete exclusivamente aos Estados Unidos.
Sobre a taxa de juros, o ministro observou que o cenário atual é restritivo, mas a inflação já mostra sinais de desaceleração, prevendo que possa fechar o ano a menos de 5%. Ele reconheceu os desafios enfrentados pelo atual chefe do Banco Central, Gabriel Galípolo, que herdou uma situação complexa, mas sinalizou que está começando a existir espaço para discutir um possível alívio nas taxas.
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