Em um marco significativo, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, anunciou o início de conversas de paz com o Clã do Golfo, a maior organização narcotraficante do país, que se autodenomina Exército Gaitanista da Colômbia. Este grupo, que reúne aproximadamente 7.500 integrantes, se destaca como o maior produtor global de cocaína e representa um dos principais desafios de segurança para o governo de esquerda. Durante um evento em Córdoba, Petro revelou que as negociações ocorrerão fora das fronteiras colombianas, embora os detalhes ainda sejam escassos.
O Clã do Golfo busca reconhecer-se como um grupo político e reivindica um tratamento judicial diferenciado, semelhante ao que foi oferecido a guerrilheiros e paramilitares. Isso incluiria um sistema de justiça transicional orientado à reparação e à memória histórica, ao invés de penas de prisão. No entanto, especialistas, como Gerson Arias da Fundação Ideias para a Paz, alertam que a associação contínua do grupo com atividades ilícitas e a falta de um projeto político claro dificultam esta classificação.
Recentemente, o governo enviou uma proposta ao Congresso, oferecendo benefícios como redução de penas e isenção de extradição para grupos que concordarem em se desarmar. Desde o início de seu mandato em 2022, Petro vem buscando desmantelar esses grupos armados, mas os resultados ainda são incertos. “Estamos tentando desarticular financeiramente esses grupos que fomentam a violência em diversas regiões”, destacou o presidente.
Contudo, a situação se complica. Especialistas indicam que, durante a administração de Petro, os grupos armados se tornaram mais robustos, financiados pelo narcotráfico e mineração ilegal. Com a política de paz estagnada e as eleições presidenciais de 2026 se aproximando, Arias sugere que “não há espaço político para avançar” e que os anúncios recentes podem ser uma estratégia eleitoral.
Em 2023, a Colômbia contabilizou 253 mil hectares de cultivos ilícitos, de acordo com a ONU. Para conter essa realidade, as forças armadas intensificam suas operações contra os grupos ilegais, sob pressão dos Estados Unidos, um parceiro histórico na luta antidrogas. Ademais, o anúncio de novas conversas coincide com um decreto do governo americano que classifica cartéis da América Latina como “terroristas globais”, enquanto o futuro do apoio financeiro e militar da Colômbia depende da certificação dos EUA em setembro.
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