As ideologias mais perigosas presentes nas escolas, segundo especialista

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No cerne das questões educacionais contemporâneas, a psicopedagoga Clarissa Brito levanta um tema crucial: a implementação da Lei 10.639, que determina o ensino da história e cultura africana nas escolas brasileiras. Apesar de sancionada há duas décadas, a excelência e a adesão dessa norma ainda enfrentam a resistência social, evidenciada pelo racismo que permeia a estrutura escolar. “É uma lei que já é maior de idade, mas que ainda precisa caminhar de mãos dadas com alguém”, reflete Clarissa. Sua experiência no campo da educação antirracista revela os desafios impostos pelas transformações ideológicas na sociedade.

A resistência à implementação da lei é alimentada por diversas forças sociais, incluindo o aumento das religiões neopentecostais e a lógica mercadológica que permeia o sistema educacional. Para Clarissa, o fortalecimento do corpo docente por meio de educadores negros e uma revisão dos currículos são essenciais para a promoção de uma educação mais inclusiva e crítica. “Estamos enfrentando uma verdadeira revolução curricular”, afirma. O caminho, embora longo e desafiador, mostra-se possível através de um comprometimento coletivo.

Ao se estabelecer em Salvador, Clarissa busca não apenas entender a implementação da lei, mas também formar sua família dentro dessa nova perspectiva. “Minha mudança para cá não foi só geográfica, mas uma escolha consciente de viver em um ambiente que respira diversidade”, destaca. A interação entre a prática pedagógica e a vivência cultural é vital, uma vez que a escola deve refletir as relações raciais e culturais que existem na sociedade.

Clarissa enfatiza que a formação de educadores e a inclusão da história afro-brasileira não são apenas questões de conteúdo, mas de relações humanas. “O racismo se disfarça sob diversas formas, incluindo a intolerância religiosa, que, na essência, carrega a mesma carga histórica”, explica. Para ela, a luta pela implementação da lei é, portanto, uma luta contra a perpetuação de um passado colonial ainda presente nas práticas pedagógicas.

Outra barreira significativa é a lógica capitalista que transforma o aluno em “cliente”. Isso desvirtua o verdadeiro propósito educacional, que deve ser o desenvolvimento integral do aluno, não apenas como consumidor, mas como cidadão crítico e consciente. “Escolher uma escola não deve ser uma simples transação, mas sim uma aliança de valores e propósitos”, enfatiza Clarissa.

O diálogo entre famílias e instituições escolares também precisa ser revisto. Reconhecer e valorizar a diversidade cultural deve ser um esforço conjunto, e, para isso, a representação deve se colocar em primeiro plano. “A literatura e o currículo precisam representar a realidade socioeconômica e racial do Brasil, onde a maior população negra do país convive com invisibilidade nas salas de aula”, argumenta.

Diante de um mundo em constante transformação, as escolas devem atualizar suas propostas pedagógicas, respondendo não apenas aos avanços tecnológicos, mas também às demandas sociais contemporâneas. O desafio é tornar-se não apenas um repositório de conhecimento, mas um espaço de formação ética e de construção de significado. “A escola é um microcosmo da sociedade. O que se ensina nela deve refletir a complexidade do mundo exterior”, conclui.

Essas questões nos convidam a repensar nosso papel enquanto cidadãos. Como podemos colaborar para que a educação seja um espaço de inclusão e respeito? É hora de refletir e agir. Quais são suas opiniões sobre essas mudanças necessárias? Compartilhe com a gente!

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