“Amor, saudade e traição”: Arrocha pode ser reconhecido como Patrimônio Imaterial do Estado da Bahia

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O fenômeno musical conhecido como arrocha emergiu no final dos anos 90, na Região Metropolitana de Salvador, tornando-se uma das trilhas sonoras do maior Carnaval do mundo. O que começou como uma expressão local agora ressoa em todo o país e está prestes a receber um reconhecimento significativo: a proposta de se tornar Patrimônio Imaterial do Estado da Bahia.

O deputado estadual Hilton Coelho (PSOL) apresentou um Projeto de Lei (PL) visando reconhecer o arrocha pela sua “relevância histórica, social e cultural”. Enviado à Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), o projeto ainda passará pela análise das comissões antes de ser votado em plenário, destacando a importância do ritmo na identidade cultural da Bahia.

Na justificativa, Coelho homenageia figuras como Nara Costa, Nira Guerreira, e a banda Asas Livres, elogiando seu papel em propagar letras que falam de “amor, saudade e traição” por todo o Brasil. Ele enfatiza que, apesar de inicialmente ignorado pela grande indústria fonográfica, o arrocha floresceu através de produções independentes e apresentações públicas, firmando-se rapidamente no gosto popular.

Além de sua expressão cultural, Hilton aponta o arrocha como um motor de empoderamento econômico na Bahia, gerando emprego e movimentando a economia local. “Reconhecer o arrocha significa valorizar uma música que nasceu das bases populares e continua a ressoar, reinventando-se e influenciando outros gêneros”, afirma.

De acordo com o professor Aaron Lopes, especializado em Etnomusicologia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), o arrocha é uma variação estilizada do bolero cubano, surgindo nas festas de seresta ao longo do século 20. Essa conexão com o bolero explica, em parte, o repertório profundamente romântico que caracteriza o gênero.

A pesquisadora Dayanne Souza Figueiredo, da Universidade Federal de Sergipe (UFS), aponta que o arrocha se originou em Candeias entre os anos 90 e 2000, enraizado nas comunidades periféricas, que enfrentaram preconceitos nos primeiros anos do gênero. Ela observa que críticas nas redes sociais refletem uma desvalorizaçã,o associando o arrocha ao brega e ao funk, revelando uma conexão mais profunda com questões sociais e culturais.

Hoje, novos nomes vêm surgindo, como Natazinho Lima e Nadson O Ferinha, enquanto os veteranos Pablo e Silvanno Salles continuam a brilhar. O arrocha, com sua mistura única de sentimentos e histórias, permanece como um símbolo vibrante da cultura baiana.

O que você acha dessa proposta de reconhecimento? Deixe sua opinião nos comentários e participe dessa discussão sobre a valorização do arrocha e sua importância na cultura brasileira!

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