Na era digital, quando o streaming reina, os discos de vinil estão conquistando novos adeptos. Projeções sugerem que o mercado global pode alcançar impressionantes US$ 3,5 bilhões até 2033, conforme um estudo da consultoria Imarc. Este fenômeno é ao mesmo tempo nostálgico e promissor, refletindo uma conexão emocional com a música que as plataformas digitais muitas vezes não alcançam.
O apelo dos vinis está em sua experiência única: o som analógico, as edições limitadas e as capas artísticas se tornam tesouros físicos em um mundo imaterial. A proliferação de lojas independentes e eventos culturais dedicados ao vinil está transformando essa paixão em um movimento vibrante, especialmente nas regiões Sudeste e Sul do Brasil, onde jovens de 26 a 35 anos estão liderando essa redescoberta.
1 de 5
Os vinis atravessam gerações
Joelto Mata/Metrópoles
2 de 5
Os vinis devem movimentar US$ 3,5 bilhões mundialmente até 2033
Joelto Mata/Metrópoles
3 de 5
Os adeptos têm apego sentimental
Joelto Mata/Metrópoles
4 de 5
A mídia física vira uma memória palpável
Joelto Mata/Metrópoles
5 de 5
Galeria de lojas de vinil no centro de SP
Joelto Mata/Metrópoles
Os discos de vinil representam mais que simples formatos; são a ponte entre gerações. Para muitos jovens, esses discos se tornaram uma herança familiar, uma conexão que vai além das melodias, acolhendo histórias íntimas e memórias compartilhadas. Julia Morelo, de 20 anos, compartilha como o vinil proporcionou uma visão diferenciada da música, fazendo-a valorizar o que é tangível. “Na era digital, onde tudo é tão volátil, ter um disco físico é um alicerce emocional,” ela reflete.
Pablo Rocha, diretor do Noize, observa que São Paulo abriga uma audiência intensa e exigente, ansiosa por experiências que envolvam mais do que música. “Eles procuram conexão, não só nostalgia,” afirma, destacando a busca por repertórios diversificados que valorizem novos talentos, especialmente femininos.
A paixão pelo vinil também se transformou em profissão para João Ferreira, colecionador há quase 50 anos e proprietário de uma loja no centro de São Paulo. Após se aposentar, ele decidiu seguir seu amor por música, restaurando a tradição do vinil. “Os últimos anos mostraram um aumento significativo nas vendas, especialmente durante as festas,” conta. Joias raras estão se tornando presentes populares novamente, evocando um entusiasmo que há muito não se via.
“Lembrei da época em que as pessoas escolhiam vinis para presentear. O retorno às raízes é encantador,” celebra João.
Vicente Mellone, ex-professor e dono de duas lojas, ressoa essa ideia. Para ele, o vinil não é só uma mercadoria, mas um agente de transformação. “Um disco pode conectar e salvar vidas,” afirma, revelando como a música funciona como uma linguagem universal entre gerações.
“Ouvir o que um disco diz tem muito mais significado para muitos do que palavras de pais,” reflete Vicente.
Renato Capellari, de 28 anos, acredita que cada disco oferece uma “viagem no tempo”. Ele observa o fascínio das crianças com o toca-discos, um dispositivo que ainda encanta e provoca curiosidade. “A simplicidade da magia do vinil é atemporal,” diz Renato.
1 de 3
Adeptos dos discos de vinil
Joelto Mata/Metrópoles
2 de 3
Vinis em loja
Joelto Mata/Metrópoles
3 de 3
Toca-discos
Joelto Mata/Metrópoles
No cenário atual, a paixão pelo vinil não apenas sobrevive, mas floresce. DJ Uiu, de 28 anos, começou sua jornada em 2017 e utiliza os discos em suas apresentações, criando uma atmosfera diferenciada. “O vinil provoca uma resposta emocional no público, especialmente os mais jovens, que demonstram uma curiosidade renovada por este formato,” compartilha.
Porém, a arte de tocar vinil vai além do simples ato de girar um disco; exige dedicação e técnica. “Cada apresentação é um desafio, e o cuidado com os discos é fundamental para a qualidade do som,” ressalta. Essa paixão é visível em suas aulas de discotecagem, onde o interesse pelos vinis só cresce, mesmo com os desafios que o mercado enfrenta.
Os números confirmam essa tendência crescente: em 2024, o mercado global de vinis movimentou US$ 1,9 bilhão, com previsão de crescimento contínuo. No Brasil, os vinis também mostraram força, movimentando R$ 16 milhões no ano passado e superando os CDs em receita. Esse reconhecimento reafirma o lugar do vinil, que se tornou um objeto de afeto e um legado cultural.
O vinil transcendeu seu papel original, transformando-se em um símbolo de resistência e conexão. Ao longo das gerações, ele continua a contar histórias e a proporcionar experiências que vão muito além da música. E você, já se aventurou em uma viagem no tempo com um disco de vinil? Compartilhe suas histórias nos comentários!
“`
Comentários Facebook