No atual cenário de tensões entre Brasil e Estados Unidos, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva irá remeter um relatório à investigação iniciada pela administração anterior de Donald Trump. Este documento, que será enviado nesta segunda-feira, dia 18 de agosto, abordará questões significativas, como o sistema de pagamentos Pix, o desmatamento ilegal, a propriedade intelectual e as práticas no mercado de etanol.
A investigação, conduzida pelo Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR), baseia-se na Seção 301 da Lei Comercial americana, a qual permite a apuração de possíveis violações comerciais por países estrangeiros. A abertura deste procedimento foi anunciada no dia 15 de julho, e desde então o USTR tem solicitado contribuições de cidadãos e organizações que desejam participar.
Recentemente, o governo Trump tomou medidas drásticas, incluindo a suspensão dosvistos de duas autoridades brasileiras ligadas ao programa Mais Médicos. Essa ação intensificou o clima de repressão, com a Casa Branca indicando que outras medidas retaliatórias poderão ser adotadas, exacerbando as tensões entre as nações.
Sanções em foco
- A crise entre os Estados Unidos e o Brasil sofreu um novo impulso na quarta-feira, 13 de agosto, com o anúncio de sanções a servidores do Ministério da Saúde envolvidos no programa Mais Médicos. Os vistos da família do ministro Alexandre Padilha também foram restritos.
- Washington afirma que tal iniciativa apoia o regime cubano, que enfrenta um embargo econômico dos Estados Unidos desde a década de 1960.
- Medidas similares já afetaram anteriormente autoridades brasileiras, incluindo o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes e outros magistrados, que sofreram com a suspensão de vistos.
- Além das sanções, a imposição de uma sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros que entram nos EUA tem sido outro fator de desgaste nas relações bilaterais.
Os pontos da investigação
O USTR está examinando seis aspectos na investigação: comércio digital e serviços de pagamento eletrônico; tarifas preferenciais; combate à corrupção; proteção à propriedade intelectual; mercado de etanol; e desmatamento ilegal.
No âmbito do comércio digital, as autoridades americanas argumentam que o Brasil criou um ambiente desfavorável para as empresas de tecnologia dos EUA, citando decisões da Suprema Corte relacionadas a big techs. O sistema Pix também é mencionado como parte das “práticas desleais” em serviços de pagamento eletrônico.
Sobre as tarifas preferenciais, os EUA alegam que o Brasil reduziu injustamente tarifas comerciais em acordos, prejudicando os produtos estadunidenses. Também há críticas à diminuição do combate à corrupção e à falta de transparência, que poderiam afetar diretamente as empresas americanas.
Em relação ao mercado de etanol, o governo americano expressa descontentamento com tarifas elevadas e um desequilíbrio comercial devido ao fim do tratamento recíproco, que isentava produtos de impostos. Por fim, as preocupações em torno do desmatamento ilegal ressaltam como a utilização das terras agrícolas oferece vantagens injustas aos produtores brasileiros em relação aos seus concorrentes americanos.
Comentários Facebook