A Polícia Federal (PF) revelou que Jair Bolsonaro (SP) deixou de informar detalhes relevantes durante seu depoimento no Inquérito 4.995. Ele não mencionou transferências significativas feitas ao filho, Eduardo Bolsonaro (PL-SP), e à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Esse inquérito investiga a suposta obstrução do parlamentar em relação a uma investigação sobre organização criminosa e a tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
Embora o ex-presidente tenha relutado em reconhecer, a investigação mostrou que os valores movimentados foram bem mais altos do que os R$ 2 milhões que ele declarou ter repassado a Eduardo. De acordo com o relatório, além dessa quantia, outras transferências foram realizadas sem a devida explicação, incluindo um repasse de R$ 2 milhões a Michelle, um dia antes de seu interrogatório pela PF.
As datas e os valores equivalentes das operações revelam uma estratégia preocupante: movimentar recursos para familiares de maneira a minimizar riscos de bloqueio judicial.
Repasses a Eduardo Bolsonaro
Analisando a quebra de sigilo bancário, a PF encontrou que, desde o início de 2025, Jair Bolsonaro efetuou seis transferências menores para Eduardo, totalizando R$ 111 mil. A transferência mais significativa ocorreu em 13 de maio de 2025, quando o ex-presidente fez uma transação de R$ 2 milhões diretamente para a conta do filho.
Eduardo, após receber essa quantia, fez uma operação de câmbio em 29 de maio, enviando R$ 1.661.835,76 para uma conta no Wells Fargo Bank, nos Estados Unidos, alegando ao correspondente que o valor era uma doação de seu pai.
Além disso, Eduardo também transferiu valores para sua esposa, Heloísa Bolsonaro, totalizando R$ 200 mil em duas operações, uma ocorrida em 19 de maio e outra no dia em que Jair foi interrogado pela PF. Para os investigadores, essa movimentação indica o uso da conta de Heloísa como um meio de proteção contra bloqueios.
Operações em espécie e câmbio do ex-presidente
O relatório ainda detalha outras movimentações financeiras de Jair Bolsonaro. Entre janeiro e julho de 2025, ele efetuou 40 saques em dinheiro vivo, totalizando R$ 130.800,00. Além disso, realizou compras de moeda estrangeira que somaram R$ 105.905,54. Durante uma busca em sua residência, a PF encontrou US$ 13.400,00 em espécie, guardados em gavetas no quarto e no escritório do ex-presidente.
Comprovantes localizados no local mostraram compras feitas mediante muito dinheiro, evidenciando um padrão questionável nas finanças de Bolsonaro durante esse período.
Indiciamento
No dia 20 de agosto, a Polícia Federal indiciou Jair Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro pelos crimes de coação no curso do processo e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito. Esse caso está inserido na Ação Penal nº 2668, que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado no país. Além deles, outras seis pessoas enfrentam acusações dentro desse escopo, marcando um momento crítico na política nacional.
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