A morte de um influenciador francês, Raphael Graven, de 46 anos, durante uma transmissão ao vivo, chocou a França. O incidente ocorreu em 18 de agosto, no início de um streaming que deveria durar doze dias. Em meio à investigação do caso, o governo francês discute medidas para reforçar o controle sobre conteúdos e práticas nas plataformas de streaming.
No site de streaming Kick, ao procurar o canal de Jean Pormanove, conhecido como JP, a mensagem “Ops, algo deu errado” aparece. Ele foi alvo de humilhações e violências de outros influenciadores, o que culminou em sua morte transmitida ao vivo.
Após bloquear os vídeos que mostravam JP sendo agredido, a Kick decidiu liberar o acesso novamente, argumentando que queria colaborar com as investigações. Entretanto, a plataforma foi acusada de explorar a situação para ganhar mais notoriedade.
Diante da ameaça de ser proibida pela Autoridade de Regulação da Comunicação Audiovisual e Digital da França (Arcom), a Kick reconsiderou sua decisão. Enquanto isso, investigadores analisam mais de 300 horas de gravações para entender melhor as circunstâncias da morte de JP.
Investigações em andamento
O canal “Jeanpormanove” está sob sequência de investigações do Ministério Público de Nice. A primeira começou em dezembro, após uma reportagem do site Mediapart, e a segunda foi instaurada após a morte de JP.
JP começou sua carreira nos streamings de jogos há cinco anos na plataforma Twitch e rapidamente se tornou conhecido entre os gamers por suas reações dramáticas. Ele se juntou a um grupo chamado Le Lokal e passou a transmitir na Kick, atraído pelas regras mais flexíveis e maior remuneração.
Durante as transmissões, JP era agredido fisicamente e psicologicamente por outros influenciadores, com a situação apenas aumentando à medida que as doações dos seguidores cresciam. Relatos indicam que ele chegava a faturar cerca de € 6 mil (cerca de R$ 38 mil) por mês.
Detalhes da morte ao vivo
O desafio de doze dias de streaming foi anunciado em agosto. JP enfrentou abusos físicos e chegou a receber choques elétricos de uma coleira. No segundo dia, ele reclamou que não se sentia bem e precisaria de ajuda médica, mas não foi permitido sair.
No décimo dia, seguidores notaram que JP estava pálido e imóvel. A transmissão foi interrompida e a polícia, acionada, confirmou sua morte.
Resultados da autópsia
Os primeiros resultados da autópsia, divulgados na noite de 21 de agosto, não mostraram lesões traumáticas. As causas da morte podem ser médicas ou toxicológicas. Investigações estão focadas em verificar se fatores do streaming, como falta de sono ou consumo de substâncias, contribuíram para o falecimento de JP.
Defensores dos influenciadores que agrediam JP afirmam que se tratava de uma encenação e que ele havia consentido. Contudo, sua irmã descreveu a morte como “intolerável” e acredita que ele tenha morrido de exaustão.
A ministra francesa da Inteligência Artificial e do Digital, Clara Chappaz, chamou o caso de “horror absoluto” e pediu esclarecimentos à Arcom sobre as falhas de moderação na Kick. O governo estuda aumentar o controle sobre os streamings, incluindo punições para quem incentiva a violência, e o presidente Emmanuel Macron propõe proibir o uso de redes sociais por menores de 15 anos.
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