A plataforma australiana Kick anunciou sua disposição em colaborar com as autoridades francesas após a morte do influenciador Jean Pormanove, ocorrida durante uma transmissão ao vivo no dia 18 de agosto. Raphaël Graven, de 46 anos, faleceu em Nice, no sudeste da França, durante uma live de doze dias, onde ele e outro homem foram alvo de agressões por parte de duas pessoas.
Em um comunicado, a plataforma afirmou: “Estamos comprometidos em cooperar com as autoridades competentes no âmbito de qualquer investigação em curso”. Kick também revelou que, no momento, está analisando o caso com a ajuda de consultores jurídicos.
Na terça-feira, 26, a Procuradoria de Paris abriu uma investigação para verificar se a plataforma transmitiu vídeos que mostravam agressões de forma consciente. Essa investigação se junta a um inquérito já em andamento pelo Ministério Público de Nice.
A ministra de Assuntos Digitais da França, Clara Chappaz, também anunciou a intenção de processar a Kick por negligência. Segundo ela, a plataforma não tomou medidas suficientes para interromper transmissões de conteúdos perigosos.
Após uma reunião com autoridades dos ministérios da Justiça, Interior e Economia, Chappaz alegou que a Kick violou a Lei de Confiança na Economia Digital de 2004. Ela informou que acionará a plataforma com base no artigo 6.3 da legislação, que permite à Justiça interromper danos causados por conteúdos online ou exigir medidas preventivas. A ministra também comunicou a reativação do Observatório do Ódio Online em outubro e uma missão de inspeção para abordar os desafios enfrentados no combate a abusos nas plataformas.
“TikTok não inventou a humilhação pública”
O canal “Jeanpormanove”, com cerca de 200 mil seguidores, exibia, há meses, cenas em que Graven era insultado, agredido e atacado com projéteis de paintball, tudo sem proteção. Os responsáveis pela página afirmaram que os conteúdos eram roteirizados.
Em entrevista à rádio Franceinfo, o professor de Psicologia Social Laurent Bègue-Shankland destacou que pessoas que consomem conteúdos violentos em filmes ou videogames tendem a apresentar maior agressividade e menor empatia. “As plataformas de streaming se tornaram locais de espetáculos de massa, mas pensemos nas multidões sedentas por sangue do Coliseu ou nos campos de torneios medievais”, comentou.
Bègue-Shankland também lembrou que a antiga Praça de Grève, em Paris, era um local de execuções públicas e concluiu: “O TikTok não inventou a humilhação pública”.
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