O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), André Mendonça, decidiu que o lobista Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, não precisa mais comparecer à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Essa decisão se aplica também ao empresário Maurício Camisotti, que é investigado por suspeita de envolvimento em um escândalo de descontos indevidos.
Ambos estavam convocados para depor na CPMI, com Antunes agendado para esta segunda-feira (15) e Camisotti para quinta-feira (18). Entretanto, os dois foram detidos pela Polícia Federal (PF) na sexta-feira (12) em uma ação da Operação Cambota, que investiga um esquema de descontos ilegais em aposentadorias e pensões do INSS, revelado em abril deste ano.
O escândalo do INSS foi inicialmente exposto pelo Metrópoles em uma série de reportagens que começaram em dezembro de 2023. Três meses depois, o site mostrou que as entidades envolvidas com descontos em mensalidades de aposentados tiveram uma arrecadação que saltou para R$ 2 bilhões em um ano, apesar de estarem enfrentando milhares de processos por fraude.
As investigações da PF foram impulsionadas pelas matérias do Metrópoles, levando à abertura de um inquérito que resultou nas demissões do presidente do INSS e do ministro da Previdência, Carlos Lupi, após a deflagração da Operação Sem Desconto.
Lobista Antonio Antunes, o Careca do INSS
Maurício Camisotti, dono da Total Health, investigado como “beneficiário final” das fraudes contra aposentados.
A decisão de Mendonça foi registrada como sigilosa, mas o presidente da CPMI, Carlos Viana (Podemos-MG), confirmou a informação. Ele já anunciou que pretende recorrer dessa decisão, enfatizando que é importante que os dois compareçam para elucidar a situação o mais rápido possível. Viana afirmou: “Respeito a decisão do ministro, mas considero injustificável permitir que não venham depor”.
Ambos foram detidos, com Antunes preso em Brasília e Camisotti em São Paulo.
Acusações contra o “Careca do INSS”
Além de atuar como lobista, Antunes é acusado de ser proprietário de call centers que captavam associados para as entidades que praticavam descontos indevidos nas aposentadorias. Ele recebia 27,5% sobre os valores descontados dos novos filiados.
Antunes também é suspeito de corrupção de ex-diretores e do ex-procurador-geral do INSS em troca de pagamentos e transferências de bens de luxo. A PF investiga movimentações financeiras suspeitas do lobista, que somam valores milionários tanto no Brasil quanto no exterior.
Para realizar os descontos diretamente na folha de pagamento, as associações precisavam de acordos com o INSS, que eram assinados por diretores do órgão. O “Careca” tinha influência para garantir a continuidade desses acordos, mesmo em auditorias.
A PF identificou que Antunes recebeu R$ 30 milhões de associações envolvidas no esquema, que incluem a Associação dos Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos (Ambec), o Centro de Estudos dos Benefícios dos Aposentados e Pensionistas (Cebap) e a União Nacional dos Aposentados e Pensionistas do Brasil (Unsbras ou Unabrasil). Juntas, essas entidades faturaram R$ 852 milhões com os descontos.
Esse escândalo levanta questões sérias sobre o sistema de benefícios e a figura do lobista no Brasil. O que você pensa sobre isso? Compartilhe suas opiniões e vamos discutir!
Facebook Comments