Um novo estudo da Fiocruz Bahia está gerando expectativas na luta contra o HTLV-1, um vírus que pertence à mesma família do HIV. O projeto, realizado em parceria com o Ministério da Saúde, investiga o uso do medicamento Dolutegravir (DTG), conhecido no tratamento do HIV, para prevenir a transmissão vertical do HTLV-1, que pode ocorrer de mãe para filho durante a gestação, o parto ou a amamentação.
Na Bahia, o HTLV tem um alto índice de contaminação. A transmissão ocorre principalmente por meio de relações sexuais desprotegidas, compartilhamento de agulhas e amamentação. O Brasil é uma das áreas endêmicas mais significativas do vírus, especialmente no Nordeste, onde se estima que 1 em cada 100 gestantes é portadora do HTLV-1.
Desde 2011, as gestantes baianas passam por testagens para o HTLV. E em 2025, o Ministério da Saúde estendeu essa testagem para todo o país, em colaboração com a OMS, visando eliminar a transmissão vertical do vírus até 2030.
A coordenadora do estudo, a infectologista Fernanda Grassi, destaca a importância do DTG. “É um medicamento seguro e eficaz no combate à transmissão vertical do HIV, e agora queremos avaliar sua eficácia para controlar também o HTLV”, explica. Uma gestante com diagnóstico de HTLV tem entre 25% e 30% de chance de transmitir o vírus ao seu bebê, mas medidas como o clampeamento precoce do cordão umbilical e a suspensão da amamentação podem reduzir essa probabilidade para 5%.
Adijeane Oliveira de Jesus, uma psicóloga que vive com o vírus, conta que seus sintomas só começaram a aparecer na juventude. Sua história revela as consequências do HTLV, como a perda de mobilidade e a dor de ter perdido um irmão devido a uma doença associada ao vírus. Adijeane vê o estudo como uma grande esperança para futuras gerações e um passo importante para combater o estigma associado ao HTLV.
Maria das Graças, que vive com o vírus há 25 anos, reforça a importância do estudo. “Esse é um momento de vitória, pois pode evitar que crianças cresçam com essa infecção”, diz ela.
O estudo pretende acompanhar 516 gestantes com HTLV-1 e seus recém-nascidos até os 18 meses de idade. Se os resultados forem positivos, isso poderá transformar protocolos de cuidado materno-infantil e impactar diretamente as políticas de saúde pública no Brasil e no mundo, beneficiando milhares de famílias.
E você, o que pensa sobre as consequências do HTLV e a importância de pesquisas como essa? Deixe seu comentário e compartilhe suas opiniões!
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