Bahia ainda enfrenta desafios na gestão de resíduos urbanos

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O Brasil tem avançado na gestão dos resíduos sólidos, com 82% do lixo urbano sendo enviado a aterros sanitários. Contudo, na Bahia, apenas 52% do lixo gerado recebe o tratamento adequado. Dados do Instituto Valoriza Resíduos revelam que apenas 79 dos 417 municípios baianos descartam corretamente os resíduos, o que representa apenas 2 em cada 10 municípios.

Os aterros sanitários são projetados para tratar os resíduos de forma segura e ambientalmente correta. Esses locais funcionam com licenciamento rigoroso e possuem sistemas de impermeabilização e captação de gases. Em contraste, os lixões são áreas abertas, sem controle, e, de acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, todos os municípios deveriam ter encerrado seus lixões até agosto de 2024. Na Bahia, no entanto, 338 municípios ainda usam esses locais de forma inadequada.

Para lidar com a situação, a Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema) propôs uma solução para encerrar os lixões que atendem cerca de 170 municípios. Estudo da entidade sugere redirecionar os resíduos desses lixões para os aterros já existentes.

“Na primeira fase, a ideia é utilizar os aterros que já existem e direcionar resíduos de municípios em um raio de 100 km. Também será criada novas estações de transbordo para aqueles mais distantes. Na segunda etapa, novos aterros serão implantados em áreas afastadas”, explicou Pedro Maranhão, presidente da Abrema.

Maranhão destacou os benefícios da substituição dos lixões por aterros sanitários, que melhoram a saúde pública e preservam o meio ambiente. Diversos órgãos, como o Ministério Público e tribunais de contas, já estão engajados nesta mudança.

Exemplo de sucesso: Aterro Metropolitano Centro

Na capital baiana, o Aterro Metropolitano Centro (AMC) é um exemplo positivo. Inaugurado na década de 1990 para substituir o lixão de Canabrava, o AMC recebe cerca de 3 mil toneladas de resíduos domiciliares por dia, atendendo uma população de 3 milhões de pessoas.

Administrado pela empresa Bahia Transferência e Tratamento de Resíduos (Battre), o AMC trata cerca de 1 milhão de toneladas de lixo por ano. Parte desse material é convertida em energia a partir do gás gerado durante a decomposição dos resíduos orgânicos.

O AMC, que possui a primeira usina termelétrica a biogás do Nordeste, já emitiu créditos de carbono reconhecidos pela ONU. Além disso, o local é um centro de pesquisa, com mais de 300 estudos realizados.

Monitoramento ambiental constante

O controle da qualidade da água em torno do aterro é uma prática recorrente, realizada através de um convênio de cooperação com a Universidade Federal da Bahia (UFBA). O professor Luiz Rogério Leal destacou que o programa de monitoramento assegura a conformidade ambiental do AMC, demonstrando que não houve contaminação das fontes de água.

Luis Sérgio Akira Kaimoto, engenheiro geotécnico e consultor do Banco Mundial, apontou que iniciativas recentes para ampliar o AMC garantem sua operação por mais duas décadas, garantindo a segurança e a proteção da saúde pública.

Além de serem fundamentais para o saneamento, os aterros sanitários desempenham um papel crucial no desenvolvimento sustentável do país. Kaimoto reforçou a necessidade de valorizar e aumentar o número de aterros, promovendo a inclusão social, a responsabilidade ambiental e o crescimento econômico. Contudo, o desafio de erradicar os mais de 3.000 lixões ativos no Brasil persiste.

E você, o que pensa sobre a gestão de resíduos urbanos na sua região? Que ações você acha que poderiam melhorar essa realidade? Compartilhe sua opinião nos comentários!