Caso Ruy Ferraz: delegada deixou cargo no litoral após sofrer ameaças

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A delegada Raquel Gallinati deixou seu cargo na Secretaria da Segurança Pública de Santos, na Baixada Santista, após ser alvo de ameaças de morte. Sua exoneração ocorreu cerca de cinco meses antes do ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, ser assassinado em um atentado na Praia Grande.

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O Assassinato de Ruy Ferraz

  • Ruy Ferraz foi assassinado a tiros na última segunda-feira (15/9).
  • Com mais de 40 anos na Polícia Civil, ele era alvo de ameaças do Primeiro Comando da Capital (PCC).
  • O ex-delegado também tinha inimizades dentro das forças de segurança pública.
  • Os suspeitos presos têm ligações com o crime organizado e com agentes de segurança.

Pressão e Ameaças de Gallinati

Gallinati, atualmente diretora da Associação dos Delegados de Polícia (Adepol) do Brasil, ocupou a pasta da Segurança Pública de Santos por 11 meses. Durante sua carreira na Polícia Civil, foi ameaçada de diversas formas, inclusive por um stalker que lhe enviou mais de três mil mensagens com ameaças de estupro e homicídio.

As ameaças não pararam ao assumir a secretaria. Em setembro do ano passado, recebeu intimidações relacionadas ao seu trabalho como secretária. Segundo Gallinati, as ameaças eram “reais e institucionais”. A situação se agravou quando um vereador de Santos divulgou informações sigilosas sobre seus deslocamentos e endereços, o que aumentou ainda mais seu nível de vulnerabilidade.

“É como se ele me colocasse nua nas redes sociais”, lamentou. Em abril deste ano, após essas exposições, Gallinati pediu exoneração do cargo, reforçando a seriedade das ameaças que enfrentava.

A Sensação de Insegurança

Apesar de receber escolta da prefeitura, Gallinati sentia-se insegura devido à falta de um carro blindado, que ela teve que adquirir sozinha. “A estrutura oferecida não foi suficiente para me manter segura”, comentou.

Além da preocupação pessoal, ela destacou que a divulgação de informações não afetava somente sua segurança, mas também a de familiares e associados. “Isso colocou todos em risco”, afirmou.

Riscos para Autoridades

Assim como Gallinati, Ruy Ferraz ocupava um cargo importante na cidade e vinha enfrentando ameaças do crime organizado. Ele mesmo comentou, dias antes de ser assassinado, estar “sozinho no meio deles”, referindo-se à influência do crime na região.

O governador Tarcísio de Freitas afirmou que não havia nenhum pedido formal para proteção policial feito por Ruy, e a execução dele ressaltou a necessidade de proteger autoridades envolvidas no combate ao crime.

“Não se pode aceitar que alguns policiais tenham como risco iminente a morte. Precisamos refletir sobre a segurança dessas pessoas”, disse o governador.

“Não se pode aceitar que a morte seja um efeito colateral da carreira policial”, declarou Gallinati.

Ela acredita que os ataques a autoridades são demonstrações de força por parte do crime. Além disso, outros agentes, como promotores, também estão em risco, como evidencia o promotor Lincoln Gakiya, que chega a considerar solicitar asilo político após sua aposentadoria.

Apesar de tudo, Gallinati se mantém firme em sua posição, afirmando que, embora esteja sempre alerta, não vive com medo. “Ando sempre atenta, mas não deixo o medo me dominar”, concluiu.

O tema da segurança de autoridades públicas é mais relevante do que nunca. O que você pensa sobre a proteção de quem está na linha de frente do combate ao crime? Deixe sua opinião nos comentários.

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