Especialistas defendem atenção específica para saúde da pele negra

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O médico Thales de Oliveira Rios, que enfrentava problemas de oleosidade e acne desde a adolescência, encontrou a solução para a sua pele ao consultar um dermatologista especializado. Ao seguir um tratamento adaptado às suas necessidades, viu melhorias significativas em poucos meses. Thales, que é negro, percebeu que nunca havia recebido cuidados específicos para seu tipo de pele antes, algo que mudou sua perspectiva.

“Em uma das consultas, meu dermatologista me mostrou imagens que demonstravam como as lesões de pele se apresentam de forma diferente em pessoas negras, pardas e brancas. Essa informação não é abordada nas faculdades de medicina, e isso precisa mudar”, explica Thales.

O dermatologista em questão é Cauê Cedar, responsável pelo Ambulatório de Pele Negra do Hospital Universitário Pedro Ernesto. Cedar destaca que a maioria dos materiais de ensino médico se baseia em pacientes de pele clara, o que dificulta o aprendizado dos profissionais sobre as condições que afetam a população negra, que representa a maior parte da população brasileira.

“A educação médica não inclui treinamentos focados nas especificidades da pele negra, como tendência a manchas e queloides, que requerem cuidados especiais”, complementa Cedar.

Ele observa que a indústria de produtos dermatológicos também negligenciou por muito tempo as necessidades desse público. Protetores solares, por exemplo, eram ineficazes em se adaptar às tonalidades da pele negra, levando à resistência no uso. “Agora, as empresas estão começando a perceber a importância desse mercado e a desenvolver produtos mais inclusivos”, afirma Cedar.

Avanços na Dermatologia

Este ano, pela primeira vez, o Congresso da Sociedade Brasileira de Dermatologia realizou uma atividade dedicada aos cuidados da pele negra. Além disso, a regional do Rio de Janeiro da Sociedade Brasileira de Dermatologia criou o Departamento de Pele Étnica, coordenado por Cauê Cedar.

A presidente da regional, Regina Schechtman, afirma que era hora de agir. O departamento não só visa aprimorar o conhecimento profissional, mas também melhorar o atendimento a diversos grupos não-brancos, incluindo indígenas e orientais. “Todo profissional de saúde deve integrar esse conhecimento à sua prática”, ressalta.

“Entender a dermatoscopia, por exemplo, é essencial, já que o exame varia significativamente entre os diferentes tons de pele”, completa Schechtman.

Ela também comenta que os problemas de pele podem afetar a autoestima e que o câncer de pele, embora seja mais prevalente entre pessoas com menos pigmentação, também pode afetar a população negra. “Todos precisam estar atentos e se proteger da radiação ultravioleta”, alerta.

Essa nova abordagem na dermatologia busca levar um cuidado mais completo e eficaz, respeitando a diversidade da pele. E você, o que acha sobre a importância de tratamentos personalizados para diferentes tipos de pele? Compartilhe sua opinião nos comentários!

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