Kongjian Yu, um dos principais nomes da arquitetura contemporânea na China, faleceu em um acidente aéreo no Pantanal de Mato Grosso do Sul, na terça-feira (23). Com 62 anos, ele era conhecido mundialmente por seu conceito inovador das “cidades-esponja”, que visa ajudar a conter enchentes através de soluções baseadas na natureza.
As “cidades-esponja” funcionam como parques e áreas verdes que absorvem o excesso de água da chuva. Essa abordagem já é adotada em mais de 250 cidades ao redor do mundo e se tornou uma política nacional na China. Em suas próprias palavras, a proposta de Yu defendia a convivência com a água, em vez de combatê-la, o que traz uma nova perspectiva na gestão urbana em face das mudanças climáticas.
Yu foi autor de mais de 20 livros e publicou mais de 300 artigos científicos ao longo da sua carreira. Seu trabalho lhe rendeu diversas premiações internacionais, como o IFLA Sir Geoffrey Jellicoe Award em 2020 e o Cooper Hewitt National Design Award em 2023. Ele também era editor-chefe da *Landscape Architecture Frontiers* e possuía doutorados honorários de universidades na Itália e na Noruega.
Recentemente, após participar da Bienal do Livro de São Paulo, ele viajou ao Pantanal para gravar um documentário sobre suas ideias em um trabalho colaborativo com cineastas. Posteriormente, ele planejava retornar a Campo Grande. Antes disso, Yu também participou da Conferência Internacional do CAU 2025, em Brasília.
Durante uma visita ao Rio de Janeiro, ele apresentou sugestões para intervenções na Avenida Francisco Bicalho, com o objetivo de devolver espaço aos rios e mitigar alagamentos. Essas ideias foram bem recebidas e atraíram a atenção de especialistas.
Formado na Universidade Florestal de Beijing e doutor pela Universidade de Harvard, Yu acreditava que as cidades precisavam se adaptar à água. Ele se inspirava na maneira como agricultores de sua infância moldavam o terreno para viver em harmonia com os recursos hídricos.
Cidades-esponja e um futuro sustentável
O conceito de “cidades-esponja” busca ampliar a capacidade de absorção da água da chuva, incluindo zonas rurais e áreas de nascente. Pesquisadores da Universidade de Pequim, incluindo Yu, destacam que a abordagem deve analisar toda a bacia hidrográfica, não apenas os centros urbanos, para reduzir os impactos das chuvas intensas.
Em várias entrevistas, Kongjian Yu vinha utilizando o termo “planeta-esponja”, ressaltando a necessidade de restaurar a capacidade de absorção de água em toda a bacia hidrográfica, um conceito que ele mesmo ajudou a popularizar.
A perda de um profissional tão influente certamente deixa um vazio na arquitetura e na urbanística mundial. A sua visão sobre como as cidades podem interagir de forma sustentável com a água deve continuar a inspirar futuros projetos e inovações.
O que você acha das ideias de Kongjian Yu sobre as cidades-esponja? Deixe sua opinião nos comentários!

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