Diamantes revelam química oculta nas profundezas da Terra

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Dois diamantes extraídos de uma mina na África do Sul trouxeram novas informações sobre a composição interna da Terra. Pesquisadores da Universidade Hebraica de Jerusalém descobriram os primeiros indícios diretos de ligas metálicas de níquel-ferro e carbonatos ricos em níquel no manto terrestre, em profundidades que variam entre 280 e 470 quilômetros.

Essa descoberta foi possível graças à análise de inclusões microscópicas dentro dos diamantes da mina de Voorspoed. Os cientistas chamam essas pedras preciosas de “cápsulas do tempo”, pois elas preservam registros químicos de reações ocorridas em áreas inacessíveis do planeta.

O estudo, publicado em 22 de setembro na revista Nature Geoscience, contou com a colaboração de pesquisadores da Universidade de Nevada e da Universidade de Cambridge.

diamante áfrica do sul
Uma fatia de diamante da África do Sul mostrando várias zonas ricas em inclusões e marcas resultantes de amostragens (Imagem: Cortesia de Yaakov Weiss)

Inclusões que Preservam Reações Químicas

O manto terrestre desempenha papéis fundamentais, como a formação de vulcões e a reciclagem da crosta. No entanto, muitas reações químicas nessa camada permanecem invisíveis.

fatia de diamante africano
Uma fatia de diamante africano mostrando um núcleo claro cercado por uma borda rica em inclusões (Imagem: Cortesia de Yaakov Weiss)

Modelos anteriores sugeriam que perto de 250 a 300 quilômetros de profundidade, ligas metálicas ricas em níquel deveriam existir. Porém, até agora não havia amostras naturais que comprovassem essa teoria. Os diamantes analisados forneceram essa evidência ao preservarem nano e microinclusões que documentam essas interações.

Segundo o pesquisador Yaakov Weiss, autor principal do estudo, “os diamantes atuam como pequenas cápsulas do tempo, preservando reações que sumiriam à medida que os minerais se reequilibrassem com o ambiente”.

Formação dos Diamantes

A pesquisa identificou ligas de níquel-ferro e carbonatos ricos em níquel coexistindo dentro das pedras, o que é incomum, já que essas substâncias normalmente reagiriam imediatamente. Essa interação indica um processo chamado reações redox de congelamento metasomático, onde um material rico em carbono interage com rochas do manto que contêm metais em estado reduzido.

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Diamante “turvo” da África do Sul, com uma zona interna cheia de microinclusões (Imagem: Cortesia de Yaakov Weiss)

Os pesquisadores afirmam que esse mecanismo não só explica a origem dos diamantes estudados, mas também reforça a hipótese de que a formação dessas gemas está ligada ao transporte de fluidos carbonáticos por placas tectônicas em subducção. A interação desses fluidos com ligas metálicas no manto profundo cria as condições necessárias para a cristalização do diamante.

Impacto nos Estudos sobre Vulcões

Além de esclarecer por que alguns diamantes contêm átomos de níquel em sua estrutura, a descoberta também facilita a compreensão da formação de vulcões. As reações que enriquecem o manto com elementos como carbono e potássio podem ser etapas essenciais para gerar magmas específicos, como os kimberlitos, que transportam diamantes até a superfície.

O que você pensa sobre essas descobertas? Compartilhe suas opiniões e reflexões nos comentários! Vamos conversar sobre esse assunto fascinante.

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