Moldávia vai às urnas neste domingo (28/9) dividida entre UE e Rússia

Neste domingo, 28 de setembro, os moradores da Moldávia vão às urnas em uma eleição que pode redefinir o futuro político do país. A população de aproximadamente 2,4 milhões de habitantes tentará decidir se segue em direção à União Europeia (UE) ou se volta a se alinhar com a Rússia.

Vídeos que circulam no TikTok alegam que o país vive sob uma ditadura liderada pela presidente Maia Sandu, do Partido Ação e Solidariedade (PAS), que é a favor da adesão à UE. Essas teorias conspiratórias, promovidas principalmente por Igor Dodon, ex-presidente e apoiador de Vladimir Putin, afirmam que o atual governo se vendeu ao Ocidente, buscando destruir a agricultura nacional e implementar a “ideologia LGBTQ”.

Dodon, que se autodenomina defensor de “valores tradicionais” e usa frequentemente a saudação cristã “Deus ajude”, promove um forte discurso contra a UE e os valores ocidentais. Parte da população, especialmente os aposentados, enfrenta uma difícil situação socioeconômica, criando um terreno fértil para tais narrativas.

As eleições que ocorrem agora são as primeiras desde que a Moldávia ganhou o status de candidata à adesão à UE em 2022. O pleito é considerado um divisor de águas, já que o resultado pode implicar na continuidade do alinhamento europeu ou na volta à influência russa. Nas eleições presidenciais de 2024, Maia Sandu foi reeleita com uma margem apertada, refletindo um cenário político complicado.

Quase metade dos eleitores indecisos

Pesquisas indicam que quase metade dos eleitores está indecisa. Embora o PAS seja atualmente o partido mais forte, ele pode perder a maioria absoluta que conquistou em 2021. Duas alianças pró-Rússia, o Bloco dos Patriotas e o Bloco Eleitoral Alternativo, têm chance de conquistar assentos no parlamento.

Renato Usatii, empresário com raízes na Rússia, também pode se tornar uma figura decisiva dependendo do resultado. Maia Sandu caracterizou essas eleições como as mais importantes desde a independência da Moldávia em 1991, alertando sobre os riscos de uma “derrota da democracia”.

Os defensores da Rússia, como Dodon, não escondem seus planos de reverter o curso pro-UE e retornar a uma aliança mais próxima com Moscou. O embaixador russo na Moldávia, Oleg Oserow, fez ameaças sobre a preservação da neutralidade do país, citando o exemplo da Ucrânia.

Influencia russa nas eleições

Apesar de a Moldávia não ter um grande valor econômico para o Kremlin, o país, localizado estrategicamente, tem atraído atenção. A presença militar russa na Transnístria, uma região separatista, exemplifica o interesse do Kremlin. A Rússia teme perder influência e está fazendo de tudo para influenciar o pleito, incluindo esquemas de compra de votos.

Um empresário moldavo-israelense, Ilan Sor, é suspeito de coordenar a compra de votos a mando do Kremlin. As autoridades moldavas têm trabalhado para desmantelar esses esquemas, mas os desafios são grandes. Quase diariamente, operações policiais são realizadas para prender envolvimento em fraudes eleitorais.

Fake news e desinformação

Além da compra de votos, as redes sociais, principalmente o TikTok, estão sendo inundadas com desinformação. Os vídeos alegam que o “regime de Sandu” é sinônimo de corrupção e a culpa pela pobreza no país recai sobre o PAS. Contudo, o partido tem se esforçado para combater a corrupção, enquanto o país passa por uma crise econômica resultante da invasão da Ucrânia pela Rússia.

Com a situação política e econômica em jogo, a Moldávia se encontra em um momento decisivo. O que você acha que acontecerá nas eleições? Sua opinião é importante, e queremos saber o que você pensa sobre os rumos do país.

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