A ascensão criminosa de “Tolete”, o homem que se dizia “virgem” na Justiça

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Gabriel Brito da Silva, conhecido pelo apelido de “Tolete”, é um nome que rapidamente se associa ao crime no Distrito Federal. Com apenas 25 anos, ele se tornou um dos principais braços armados do grupo criminoso Comboio do Cão (CDC). Recentemente, foi alvo da Operação Fratelli Bianchi, desencadeada na última quinta-feira, e é apontado como uma peça chave nesta estrutura criminosa.

Ao longo dos últimos anos, “Tolete” foi preso pelo menos quatro vezes, acumulando acusações que vão de homicídio a tráfico de drogas, extorsão e coação de testemunhas. Em conversas com comparsas, ele fazia piadas sobre sua situação judicial, afirmando ser “virgem” na Justiça. Essa ironia se apresenta em meio a uma extensa ficha criminal.

Um dos casos mais impactantes ocorreu em 2014, quando Mateus Santos de Souza Mattos foi assassinado em sua própria casa, na frente de sua família. Embora as investigações tenham apontado para Gabriel, o caso não prosperou no Tribunal de Justiça do Distrito Federal, resultando na absolvição do réu.

Vídeo da operação:

Toque de recolher

Em 2019, “Tolete” voltou às manchetes ao ser preso como um dos líderes de um grupo que impunha um toque de recolher em Ceilândia Norte. Para garantir obediência, o grupo recorria a atos de violência, como incendiar carros e ameaçar familiares de quem colaborasse com a polícia.

De acordo com a Delegacia de Repressão ao Crime Organizado, Gabriel rapidamente alcançou uma posição alta no CDC, que mantém ramificações tanto nas ruas quanto dentro do sistema prisional. As investigações mais recentes descobriram um complexo esquema de agiotagem e lavagem de dinheiro, sustentado pelo tráfico. O grupo exigia juros exorbitantes e pressionava as vítimas através de ameaças armadas.

O dinheiro obtido com essas atividades era lavado por meio de empresas de fachada, sustentando a estrutura criminosa. A Operação Fratelli Bianchi resultou em quatro prisões temporárias e nove mandados de busca e apreensão, bloqueando também bens e contas bancárias relacionadas ao grupo. As ações se deram em regiões como Águas Claras, Ceilândia, Samambaia e até Alexânia, em Goiás.

Mortes na facção

A polícia investiga também a execução de um integrante do próprio CDC, que, em vez de ser punido, teve sua ação tolerada, consolidando assim a liderança de um dos investigados. Além de Gabriel “Tolete”, outros dois alvos da operação têm condenações que somam mais de 46 anos de prisão, relacionadas a homicídio, tráfico de drogas e organização criminosa.

O caso de “Tolete” traz à tona a dificuldade em transformar prisões em condenações efetivas. Apesar de sua alta periculosidade, ele conseguiu circular livremente por anos, alimentando um forte sentimento de impunidade. Agora, com a pressão da Operação Fratelli Bianchi, a Justiça poderá demonstrar se a “virgindade” judicial que ele se orgulhava de ter finalmente será desfeita.

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