Unesco inaugura museu virtual com objetos roubados

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A Unesco lançou um museu virtual que abriga artefatos saqueados, como uma máscara ritual da Zâmbia, um pingente da antiga Palmira e uma pintura do sueco Anders Zorn. Essa iniciativa, apresentada na última segunda-feira (29), tem como objetivo chamar a atenção para o tráfico internacional de bens culturais, uma atividade criminosa que abrange mais de 57 mil peças, de acordo com a Interpol.

A plataforma, acessível em museum.unesco.org, foi idealizada pelo arquiteto burquinense Francis Kéré, ganhador do Prêmio Pritzker em 2022. Inicialmente, o acervo conta com cerca de 250 objetos, todos digitalizados em 3D, junto a relatos, fotos e informações sobre suas origens, que incluem itens funerários, decorativos, bélicos e religiosos.

A diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, destacou que “é um museu único no mundo”. Ela ressaltou a importância de cada peça, que carrega parte da identidade e do saber das localidades de onde foi retirada. Segundo Azoulay, o tráfico fere a ciência, rompe vínculos entre gerações e apaga histórias.

Um museu que quer deixar de existir

A coleção do museu deve aumentar conforme novos objetos forem digitalizados. No entanto, a meta é que a “Galeria de bens culturais roubados” seja esvaziada, dando lugar à “Sala de devoluções e restituições”, onde estarão expostas as peças recuperadas e devolvidas aos seus países ou povos de origem.

Sunna Altnoder, chefe da unidade de combate ao tráfico ilícito da Unesco, enfatizou que “o ideal é que esse museu feche as portas porque todos os objetos tenham sido encontrados e devolvidos”.

O tráfico de bens culturais engloba desde saques em zonas de conflito até escavações clandestinas, falsificações e furtos em museus. Para combater essa prática, a Unesco propõe uma rede de cooperação entre polícias, sistemas judiciários, mercado de arte, governos, sociedade civil e localidades afetadas.

“Só uma rede pode vencer outra rede — a criminosa”, concluiu Altnoder.

Além de denunciar o crime, o museu virtual busca restaurar o orgulho das populações afetadas, transformando objetos roubados em testemunhos digitais. Isso não apenas preserva a memória, mas também reforça o direito à restituição.

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