A região do Matopiba, que abrange os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, perdeu 39% da sua vegetação nativa do Cerrado desde 1985. Isso equivale a cerca de 15,7 milhões de hectares. Os dados foram divulgados pela MapBiomas, revelando que, no total, o bioma perdeu 40,5 milhões de hectares, o que representa 28% de sua cobertura original. Para se ter uma ideia, essa área é 1,4 vezes maior que o estado da Bahia.
O Cerrado é o segundo maior bioma do Brasil, abrangendo mais de 198,5 milhões de hectares. O estudo mostra que a maior parte dessa vegetação desapareceu devido a ações humanas. A formação Savânica foi a mais afetada, com uma diminuição de 26,1 milhões de hectares, cerca de 32%, ao longo desses 40 anos.
Em 1985, 42% dos municípios do Cerrado eram dominados pela agropecuária, número que subiu para 58% em 2024. Em relação à vegetação nativa, em 1985, 37% dos municípios baianos tinham mais de 80% de cobertura. Esse percentual caiu para 16% nas atuais condições.
Atualmente, Piauí (79%), Rondônia (78%), Maranhão (69%) e Tocantins (66%) são os estados com maior proporção de vegetação nativa no Cerrado. Por outro lado, São Paulo (17%), Mato Grosso do Sul (25%), Paraná (34%) e Goiás (36%) têm os menores índices em 2024.
Atualmente, 47,9% do Cerrado são utilizados para atividades humanas, enquanto 51,2% ainda são cobertos por vegetação nativa. Desses, mais da metade, ou 48,6 milhões de hectares, está na região do Matopiba, que, no entanto, ainda enfrenta grande desmatamento devido à agricultura e pecuária.
Desmatamento e Agropecuária
O levantamento mostra que entre 2015 e 2024, o Cerrado perdeu 6,4 milhões de hectares de vegetação nativa, dos quais 4,7 milhões estão localizados no Matopiba, cerca de 73% do total. Em 2024, 1,5 milhão de hectares foram desmatados no Cerrado, sendo um milhão de hectares de vegetação primária e 500 mil hectares de vegetação secundária. Não podemos ignorar que, ao longo de 40 anos, a área destinada à agricultura na região aumentou 24 vezes, representando uma adição de mais de 5,5 milhões de hectares utilizados.
“O Cerrado vem sendo transformado de forma acelerada nas últimas quatro décadas. A supressão da vegetação nativa foi maior entre 1985 e 1995 e, em seguida, se intensificou. A agricultura se tornou uma das principais atividades na região, especialmente para a produção de grãos. Nos últimos anos, o Matopiba se firmou como a principal fronteira agrícola, absorvendo uma parte significativa da perda de vegetação nativa”, comenta Bárbara Costa, analista do IPAM e integrante da equipe do MapBiomas.
Foto: Thomas Bauer/Instituto Sociedade População e Natureza
A Bahia também se destaca entre os estados com maior expansão agrícola nos últimos 40 anos. A utilização do solo para atividades agrícolas cresceu de 2% para 24%. Os campeões desse crescimento foram São Paulo, de 10% para 45%, e Paraná, que saltou de 12% para 35%. Além disso, entre 1985 e 2024, a área do Cerrado ocupada por pastagens foi de 5% para 40% no Pará, de 36% para 44% em Mato Grosso do Sul e de 1% para 17% no Maranhão.
Globalmente, as atividades agropecuárias no Cerrado cresceram 74% entre 1985 e 2024, com pastagens aumentando em 14,7 milhões de hectares, o que representa cerca de 44%. Atualmente, esse modelo de uso ocupa 24,1% do bioma. A silvicultura também cresceu 446% em 40 anos, alcançando 2,7 milhões de hectares.
A agricultura foi o uso da terra que mais se expandiu, com um aumento de 533%, totalizando 22,1 milhões de hectares desde 1985. As lavouras temporárias, sozinhas, ocuparam agora 25,6 milhões de hectares do Cerrado. A agricultura perene alcançou um crescimento de 500 mil hectares (aproximadamente quatro vezes) em 40 anos, sendo que mais da metade é destinada ao café.
Você acredita que a expansão agrícola deve ser priorizada em relação à preservação do Cerrado? Compartilhe sua opinião nos comentários.
Facebook Comments