A Câmara Municipal de Salvador aprovou, na última quarta-feira (1º), um projeto de lei que permite à Prefeitura contratar um empréstimo de R$ 95 milhões com a Caixa Econômica Federal (CEF). Essa mudança promete impactar o futuro do transporte complementar na capital baiana.
O valor, proveniente do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), será destinado à renovação completa da frota do Subsistema de Transporte Especial Complementar (STEC), popularmente conhecidos como “amarelinhos”. No entanto, as novas definições sobre o modelo dos veículos podem gerar divergências entre a Prefeitura e o sindicato do setor.
De acordo com informações do Bahia Notícias, a Secretaria de Mobilidade (Semob) está considerando a substituição dos atuais ônibus de maior porte por modelos menores, semelhantes aos utilizados no sistema Integra. Essa mudança visa adequar as rotas e reduzir os custos operacionais.
Entretanto, essa proposta não é bem aceita pelo STEC. O presidente da entidade, Ivanildo Ramos, destacou que a alteração pode prejudicar o conforto e a acessibilidade dos passageiros, especialmente aqueles com deficiência.
Ramos afirmou que os veículos menores são menos robustos e possuem menos acessibilidade. Ele argumentou que o modelo atual, que mede 9,6 metros de comprimento e tem capacidade para 15 toneladas, com três portas e um elevador para cadeirantes, atende melhor às necessidades dos usuários.
Além disso, ressaltou que a suposta economicidade dos novos veículos é um ponto fraco, pois a diferença de preço é mínima. O STEC opera há 28 anos e, segundo ele, o modelo atual é o mais adequado para o sistema.
Atualmente, o STEC transporta cerca de 60 mil passageiros diariamente, um número que já alcançou 100 mil com a frota de 291 ônibus. Hoje, a entidade conta com 180 ônibus e estima que a adoção de veículos menores poderia reduzir a demanda em até 30%.
O projeto foi aprovado por ampla maioria, recebendo apoio inclusive de parlamentares da oposição. As vereadoras Aladilce Souza (PCdoB) e Marta Rodrigues (PT) enfatizaram a importância da renovação da frota para melhorar a mobilidade urbana.
O presidente da Câmara, Carlos Muniz (PSDB), destacou que o empréstimo é fundamental para evitar um aumento nas tarifas de transporte público.
O líder do governo, vereador Kiki Bispo (União), descreveu a aprovação como “um marco para o transporte público de Salvador” e pediu apoio para projetos que melhorem esse setor.
A única manifestação contrária veio do vereador Hamilton Assis (PSOL), que sugeriu a implantação gradual da tarifa zero como alternativa aos subsídios.
Conforme o projeto, os R$ 95 milhões serão usados exclusivamente na aquisição de 180 novos ônibus do STEC, que devem ser entregues até junho de 2026. A Semob ainda planeja a renovação total de 700 veículos na frota, incluindo os do subsistema de Transporte Coletivo por Ônibus (STCO).
O presidente do STEC espera uma reunião com a Semob para discutir o modelo dos novos veículos. Ele acredita que a conversa será produtiva e que a população deseja ônibus que sejam confortáveis e acessíveis.
O secretário municipal de Mobilidade, Pablo Souza, comentou que, no momento, a secretaria está focada na licitação para a compra dos novos ônibus do sistema Integra. Ele ressaltou que Salvador foi a única cidade no Brasil a solicitar empréstimo para renovar a frota complementar.
Pablo também mencionou que a primeira fase da licitação para a Integra tem sido um aprendizado, já que a prefeitura não adquiria ônibus há 40 anos. O processo realizado gerou o menor preço de compra registrado no país este ano, aumentando a expectativa para a compra de mais veículos.
Ele finalizou afirmando que as discussões sobre os modelos dos novos ônibus devem começar na segunda quinzena de outubro. A meta é que a nova frota entre em operação em junho de 2026.
A renovação do STEC acontece em um momento de reestruturação do transporte público em Salvador, que busca se recuperar após a pandemia e a queda na demanda de passageiros.
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