Na primeira semana de outubro, o Distrito Federal foi abalado por dois casos de violência sexual que acenderam o alerta para a gravidade desses crimes. Em um dos episódios, um motorista de ambulância foi preso por estuprar uma bebê de apenas 1 mês e 26 dias. No outro, um professor é acusado de abusar de uma criança de 4 anos.
Dados do Ministério da Justiça e Segurança Pública mostram que entre janeiro e agosto de 2025, foram registrados pelo menos 590 casos de estupro no DF. Essa estatística revela uma média alarmante de dois registros diários. Entre as vítimas, 517 são mulheres e 73 homens. Vale ressaltar que o levantamento não especifica a faixa etária das vítimas.
Cárcere privado
Em setembro, uma mulher de 36 anos foi resgatada pela Polícia Militar após passar três dias em cárcere privado na QR 311 de Samambaia Sul. Ela foi mantida cativa pelo próprio namorado, de 38 anos, durante os quais foi estuprada, agredida e teve sua intimidade registrada sem consentimento. A mulher foi encontrada em um quarto, com hematomas pelo corpo, resultado de violência com martelos, fios e até faca. O agressor foi preso e indiciado por diversos crimes, incluindo estupro e tortura.
Arrastada a um matagal
Em outro caso, uma câmara de segurança registrou o momento em que um homem leva uma mulher de 20 anos para um matagal em Taguatinga. A vítima conseguiu escapar e pedir socorro, sendo levada ao Hospital Regional de Taguatinga em estado de choque.
Crime de “violência e poder”
A psicóloga clínica e neuropsicóloga Alessandra Araújo explica que o estupro é, fundamentalmente, um crime ligado ao poder e à violência, onde a humilhação é um instrumento essencial. O agressor busca invadir o corpo da vítima para afirmar seu domínio e causar dor, indo além do físico. Segundo Alessandra, isso provoca um trauma devastador, afetando profundamente a saúde mental da vítima.
Após o crime, é comum que a vítima experimente choque, dissociação e negação, sentindo uma perda extrema de controle e segurança. Muitas desenvolvem Transtorno Pós-Traumático, apresentando flashbacks, pesadelos e outros sintomas relacionados à ansiedade e depressão.
Tipificação
A legislação brasileira define estupro como o ato de constranger alguém a ter relações sexuais por meio de violência ou grave ameaça. As penas variam conforme a vulnerabilidade da vítima e a gravidade do ato, com o crime de estupro de vulnerável recebendo a maior pena. Essa temática requer seriedade e um entendimento baseado em evidências, desmistificando a ideia de que o estupro é um “crime de paixão”.
Estuprada e abandonada na rua
No início de janeiro, um homem de 31 anos foi preso por estuprar sua filha de 11 anos no Novo Gama, Entorno do DF. Ele desviou o carro para um local isolado e, após os abusos, deixou a criança na rua, onde ela pediu ajuda em um comércio. Exames confirmaram sinais de violência física e abuso sexual.
Canais de denúncia
A Polícia Civil do Distrito Federal alerta para a importância de denunciar casos de violência. Todas as 31 delegacias do DF funcionam em regime de plantão 24 horas para atender as vítimas. As delegacias de Atendimento à Mulher e as de Criança e Adolescente também estão abertas nesse horário.
- Delegacia Especial de Atendimento à Mulher – DEAM I
- Delegacia Especial de Atendimento à Mulher – DEAM II
- Delegacia da Criança e do Adolescente 1 – (DCA 1)
- Delegacia da Criança e do Adolescente 2 – (DCA 2)
Endereço: EQS 204/205, Asa Sul, Brasília-DF, CEP: 70234-400
Telefones: 3207-6172 / 3207-6195 / 98362-5673
Telefone: (61) 3207-7391; 3207-7408
Endereço: St. M QNM 2 – Ceilândia-DF
Endereço: EQN 204/205 – Asa Norte
Telefone: (61) 3207-5931
Endereço: Setor de Indústria Gráfico, Área Especial Norte – Taguatinga Norte
Telefones: (61) 3207-6011 e (61) 3207-6031
Ligue 197
- O Ligue 197 é um canal de denúncia gratuita e sigilosa da Polícia Civil do DF.
- Além do Disque 197, a denúncia também pode ser feita pelo WhatsApp (61) 98626-1197, e-mail [email protected] ou pela Delegacia Eletrônica Maria da Penha On-line.
Ligue 190 – PMDF
- O Ligue 190 é um canal da Polícia Militar do DF (PMDF) disponível para denúncias.
Central de Atendimento à Mulher
- Ligue 180, um serviço de atendimento gratuito, que funciona 24 horas por dia.
Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos
- Canal 24h para denúncias e informações sobre violência contra a mulher. WhatsApp 61 99656-5008
Ministério Público do Distrito Federal e Territórios – MPDFT
- Além das promotorias de cada região, a mulher vítima de violência pode procurar o Núcleo de Gênero do MPDFT pelos telefones 3343-6086 e 3343-9625, pelo e-mail [email protected] ou presencialmente na Sede do MPDFT, Eixo Monumental, Praça do Buriti, Lote 2, Sala 144.
Sinal Vermelho
- O projeto aprova a campanha Sinal Vermelho contra a Violência Doméstica, que permite que mulheres denunciem de maneira discreta, mostrando um “X” vermelho na palma da mão a atendentes de farmácias e órgãos públicos.
A situação da violência sexual no DF é grave e necessita de atenção. Se você tem algo a compartilhar ou deseja opinar sobre o assunto, sua voz é importante. Nos conte o que você pensa nos comentários.
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