O assentamento Dorothy Stang, em Sobradinho, se tornou um verdadeiro “palco de guerras” devido à disputa pelo controle territorial e a presença do crime organizado. A juíza Iracema Botelho destaca que o local enfrenta uma grave situação de violência, com tráfico de drogas e armas.
A região, atualmente em processo de regularização, foi inicialmente invadida e sofre com uma infraestrutura negligenciada. Em meio a isso, um grupo passou a extorquir os moradores, cobrando R$ 30 mensais para garantir “segurança”.
Uma investigação revelou que, em apenas quatro meses de 2020, confrontos entre grupos rivais resultaram em 12 vítimas, incluindo quatro homicídios. As rixas estão ligadas a disputas territoriais, onde cada quadrilha opera sob siglas que remetem aos bairros de seus membros, como “CNC” e “Galera do Gilmar”.
As violências ocorreram em razão da rivalidade geográfica, especialmente entre o Comando Nova Colina (CNC) e a Galera do Gilmar. A tensão aumentou após a prisão de integrantes do CNC, que expandiu sua atuação para áreas dominadas pela Galera do Gilmar.

Enquanto isso, a Galera do Gilmar, que controla a parte inferior do assentamento, está envolvida em atividades ilícitas como tráfico de drogas e extorsão. A chegada do CNC transformou diretamente a dinâmica do local em um cenário de conflitos.
Um caso notório é o de uma moradora que, após comprar seu lote em 2017 por R$ 268, passou a pagar mensalmente à Galera do Gilmar pela segurança de sua residência. No entanto, em março de 2020, o CNC invadiu sua propriedade, levando os materiais e transformando o local em um ponto de tráfico.
“Atirar para matar”
Gravações interceptadas pela polícia revelaram ordens de Gilmar, líder da Galera do Gilmar, para realizar um massacre e intensificar a violência na área rival. Ele se mostra confiante e autoritário, afirmando que a resposta deve ser violenta e marcante.
Ainda em 2020, tanto o CNC quanto a Galera do Gilmar sofreram perdas significativas. A magistrada mencionou as mudanças nas lideranças e a luta pelo domínio territorial, ressaltando a interligação entre grupos criminosos de diversas origens.
“O Distrito Federal tem vivido uma significativa mudança nos padrões de criminalidade, com o aumento de organizações criminosas e a formação de alianças entre facções rivais”, destacou a juíza.
Esta situação crítica culminou na condenação de Romário Gil de Sousa Nascimento, um integrante do PCC, a 16 anos e 4 meses de prisão, aumentando seu total para 110 anos. O assentamento Dorothy Stang é nomeado em homenagem a uma missionária que lutou contra a exploração ilegal da floresta e foi assassinada em 2005.
O Metrópoles tentou contato com o Ministério Público do Distrito Federal e o Governo do Distrito Federal para esclarecer a situação urbanística do assentamento. O MPDFT confirmou a existência de procedimentos sobre a regularização do local, enquanto a Secretaria do GDF não se manifestou até o fechamento desta reportagem.
Esse é um tema delicado e que afeta muitos moradores. O que você pensa sobre a situação no assentamento Dorothy Stang? Sua opinião é importante e pode ajudar a abordar esses desafios.
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