O Clube Atlântico Juventus está no centro de um escândalo. A direção do clube apresentou uma notificação à Polícia Civil, acusando ex-dirigentes de desviar R$ 2,3 milhões, que deveriam ser usados em melhorias do Estádio Conde Rodolfo Crespi, na Mooca, zona leste de São Paulo. A quantia foi liberada pela Prefeitura de São Paulo há cerca de três anos, após a venda do potencial construtivo da sede.
Investigações internas indicam que o dinheiro foi utilizado para quitar empréstimos feitos à associação esportiva. Os funcionários envolvidos na fraude já foram afastados, segundo documentos obtidos pelo Metrópoles.
O clube solicitou à polícia a abertura de um inquérito para investigar a situação e garantir a responsabilização dos envolvidos. Recentemente, o Juventus foi multado pela Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas, devido ao não cumprimento do acordo referente às reformas, acumulando uma dívida que já ultrapassa R$ 5,3 milhões sem ter realizado nenhuma sanção na sede.
Acordo com a prefeitura para reforma do estádio
O estádio do Juventus é considerado patrimônio histórico de São Paulo. Em 2022, o clube firmou um compromisso com a Prefeitura para utilizar o montante de R$ 2.362.157,09, resultante da transferência de 4.691,98 metros quadrados de potencial construtivo, em obras no local. Contudo, as reformas não foram feitas e o dinheiro parece ter sido usado para saldar dívidas de ex-dirigentes.
Além disso, o cálculo da transferência foi feito em um valor inferior ao mercado, considerando apenas R$ 2.528,58 por metro quadrado. Um especialista mencionou que o clube poderia ter arrecadado muito mais. O retorno estimado pela prefeitura para esse potencial construtivo passa de R$ 19 milhões.
Multa ao clube
Em setembro deste ano, a prefeitura aplicou uma multa de R$ 2,9 milhões ao clube devido ao desvio de finalidade. Também foi determinado que o Juventus devolva ao Fundo de Proteção do Patrimônio Cultural e Ambiental Paulistano (Funcap) o valor integral recebido. A penalidade acumula cerca de R$ 118 mil por mês por não cumprimento, desde abril de 2023 até maio de 2025.
Investigação e afastamento
Uma sindicância interna revelou uma “dupla lesão ao patrimônio do clube, com impacto financeiro severo”. Por precaução, recomenda-se a suspensão de dirigentes que administraram o clube entre 2019 e 2020, além do afastamento de funcionários da tesouraria. Entre os envolvidos estão Antonio Ruiz Gonsalez, ex-presidente do Juventus, Ivan Antipov, ex-presidente do conselho deliberativo, e Paulo Troise Voci, ex-vice-presidente.
O clube pediu medidas como o bloqueio das contas relacionadas e a apreensão dos valores associados ao termo de compromisso. O caso foi registrado na 4ª Delegacia de Polícia de Investigações sobre Lavagem ou Ocultação de Bens e Valores.
O que dizem os envolvidos
Os responsáveis pela sindicância não comentaram sobre as investigações em andamento. Tadeu Deradeli, o atual presidente do clube, também preferiu não se manifestar. A assessoria de imprensa do Juventus não se pronunciou oficialmente, e a defesa dos ex-dirigentes não foi encontrada. O espaço permanece aberto para futuras declarações.
Estádio do Juventus
Conhecido popularmente como Estádio da Javari, o Estádio Conde Rodolfo Crespi foi inaugurado em 26 de abril de 1925 e adquirido pelo clube em 1967. Com uma área de aproximadamente 15 mil metros quadrados, o espaço já acomodou até 15 mil torcedores, apesar de sua capacidade oficial ser de 5 mil. Em 2019, o estádio foi tombado pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental de São Paulo (Conpresp).
O desvio de verbas em instituições esportivas é uma questão séria, que afeta não só os clubes, mas também os torcedores e a cidade. O que você pensa sobre essa situação? Compartilhe sua opinião nos comentários!
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