A Justiça do Rio de Janeiro absolveu todos os réus do caso do incêndio no Ninho do Urubu, que ocorreu em 2019 e resultou na morte de 10 jogadores das categorias de base do Flamengo. A decisão, proferida nesta terça-feira pelo juiz Tiago Fernandes de Barros, encerra o processo sem condenações.
Os jovens, com idades entre 14 e 16 anos, dormiam em contêineres usados como alojamentos provisórios no centro de treinamento do clube, na Zona Oeste do Rio, quando o incêndio começou. A suspeita é que o fogo tenha sido causado por um curto-circuito em um ar-condicionado que permanecia ligado continuamente. Estruturas inflamáveis teriam acelerado a propagação das chamas.
Na época, o Ninho do Urubu não tinha alvará de funcionamento, conforme revelou a prefeitura do Rio. Além das 10 vítimas fatais, três jovens ficaram feridos.
Onze pessoas foram denunciadas por incêndio culposo qualificado e lesão corporal grave. Entre os acusados estavam o ex-presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, diretores do clube e representantes de empresas terceirizadas. Sete foram absolvidos agora, e outros quatro já haviam sido inocentados anteriormente.
Na sentença, o juiz fundamentou a decisão na “ausência de demonstração de culpa penalmente relevante e na impossibilidade de estabelecer um nexo causal seguro entre as condutas individuais e a ignição do fogo”.
O magistrado afirmou que o laudo da Polícia Civil é inconclusivo e não há provas suficientes para sustentar condenações. Ele ainda destacou que nenhum dos acusados tinha atribuições diretas sobre a manutenção ou segurança elétrica dos alojamentos, criticando o Ministério Público por apresentar uma denúncia “abrangente e genérica”, sem individualizar responsabilidades.
Ao concluir, o juiz Tiago Fernandes reconheceu a gravidade da tragédia, mas ressaltou que “o Direito Penal não pode converter complexidade sistêmica em culpa individual”.
O resultado desse julgamento gera discussões profundas sobre a responsabilidade em reformas e segurança nos centros de treinamento esportivos. Como você vê essa decisão? Deixe sua opinião nos comentários.
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