Carmen de Oliveira Alves, uma estudante trans da Universidade Estadual Paulista (Unesp), desapareceu em 12 de junho de 2025, em Ilha Solteira, São Paulo. Ela estava sob suspeita de ter sido vítima de feminicídio. Antes de sumir, compartilhou com uma amiga que vinha recebendo ameaças de morte do namorado, Marcos Yuri Amorim, também estudante da Unesp.
A relação entre Carmen e Yuri era marcada por conflitos. Ele não queria assumir o namoro e, além disso, mantinha vínculos com outras pessoas, incluindo um policial militar ambiental, Roberto Carlos Oliveira. As constantes pressões de Carmen para que ele assumisse o relacionamento resultaram em discussões que, conforme mensagens trocadas entre ela e uma amiga, incluíam ameaças de morte por parte de Yuri.
Estas transcrições foram incluídas na denúncia feita pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) à Justiça. Carmen desapareceu após realizar uma prova, sendo vista pela última vez na saída do campus da Unesp.
1 de 3
Após quase 29 dias sem notícias, amigos e familiares de Carmen começaram buscas nas redes sociais.
Arquivo Pessoal
2 de 3
Carmen foi vista pela última vez após fazer uma prova no campus.
Arquivo Pessoal
3 de 3
Carmen de Oliveira Alves, estudante assassinada.
Arquivo Pessoal
Relembre o caso
- Carmen desapareceu em 12 de junho deste ano, após apresentar um trabalho na Unesp de Ilha Solteira.
- As investigações indicam que Carmen foi vítima de feminicídio, possivelmente cometido por Yuri.
- O relacionamento de 15 anos entre os dois era conturbado, e Yuri mantinha relações com outras pessoas.
- Para pressioná-lo a assumir o namoro, Carmen criou um dossiê com informações sobre crimes que ele teria cometido.
- Esse dossiê teria enfurecido Yuri, o que pode ter motivado o crime.
- O MPSP afirma que Carmen foi morta no mesmo dia, mas seu corpo nunca foi encontrado.
- Yuri e Roberto estão presos desde 10 de julho e enfrentam acusações de feminicídio, ocultaçã de cadáver e fraude processual.
- Em 20 de outubro, o MPSP divulgou a inclusão de um terceiro suspeito, vizinho de Yuri, que teria colaborado na ocultação do corpo.
Mensagens revelam ameaças de morte
Carmen enviou uma mensagem a uma amiga no dia 9 de março, afirmando: “Se acontecer alguma coisa comigo, saiba que foi o Yuri.” Em outra conversa, enfatizou a necessidade de avisar alguém sobre suas preocupações com a segurança.
Após ver Yuri com outra mulher, ela repetiu suas preocupações: “Se eu sumir, coloca ele na cadeia, pelo amor de Deus.” Carmen também mencionou que ele possuía armas e que poderia realmente ameaçá-la.
“Ele falou que vai me matar e me jogar no rio, que ninguém vai achar,” disse Carmen.
Dossiê para pressionar o namorado
Em 8 de junho, Carmen criou uma pasta no Google Drive chamada “Yuri Trambiques”, com prints e áudios de conversas entre eles e reportagens sobre crimes que ela atribuía a ele. O objetivo era pressioná-lo a assumir o relacionamento.
A promotora Laís Deguti afirmou que Carmen passou a ser vista por Yuri como uma ameaça à sua liberdade e impunidade.
Cerca de três horas após o suposto crime, Yuri acessou o celular de Carmen e apagou a pasta com as evidências antes de destruir o celular dela.
Dinâmica do assassinato
A denúncia indica que Carmen e Yuri passaram a noite juntos. Após a apresentação na faculdade, ele a agrediu no sítio onde estavam. Após esse ataque, Yuri chamou Roberto, que chegou e, juntos, mataram Carmen.
Os dois ocultaram o corpo da estudante e os vestígios do crime, utilizando uma lona para transportar o corpo na caminhonete. O local exato onde o corpo foi deixado permanece desconhecido.
Vizinho ajudou a ocultar o corpo
Yuri procurou ajuda de seu vizinho, Paulo Henrique Messa, que também esteve envolvido na ocultação do corpo. Eles usaram um barco para se deslocar e esconder o corpo em um local que ainda não foi descoberto.
A investigação revela que ambos permaneceram juntos e realizaram ações para limpar os vestígios do crime após a execução.
Ocultação de provas
Nos dias seguintes ao crime, Yuri removed a documentação que poderia incriminá-lo e recebeu orientações de Paulo para apagar conversas no celular. O objetivo era evitar qualquer prova que o ligasse ao crime.
Após cometer os atos, Yuri foi a um encontro de motos para criar um álibi e formatou seu celular. Roberto também destruiu registros de chamadas e conversas anteriores.
MPSP denuncia três suspeitos
A promotora Laís Deguti afirmou que Yuri e Roberto cometeram feminicídio contra Carmen, visando garantir a impunidade por crimes anteriores. Ambos e Paulo Henrique foram denunciados por ocultação de cadáver e fraude processual.
O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) analisará os processos solicitados pela promotoria.
Esse caso chocante levanta questões sérias sobre a segurança e os direitos das mulheres, especialmente em relacionamentos abusivos. O que você pensa sobre isso? Comente abaixo e compartilhe sua opinião.
Facebook Comments