Aos 80 anos, aluna da UnB leva marido com Alzheimer para as aulas

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Olímpia Gomes de Santana Nunes, de 80 anos, está realizando seu sonho de estudar na Universidade de Brasília (UnB). Contudo, ela não vai às aulas sozinha. Acompanhada de seu marido, José Pereira Nunes, de 73 anos, que vive com Alzheimer, ela enfrenta o desafio diário de conciliar as aulas com o cuidado do companheiro.

Neste ano, o vestibular 60+ da UnB aprovou 149 candidatos, e o curso de Turismo, escolhido por Olímpia, foi um dos mais procurados, ao lado de Terapia Ocupacional, Saúde Coletiva, Ciências Sociais, História, Psicologia e Nutrição.

“Eu não podia deixá-lo em casa sozinho, então pedi autorização para trazê-lo comigo”, conta Olímpia. A coordenação do curso aceitou o pedido, e José participa das aulas sentado em um banco ao lado da janela, observando atentamente cada movimento da esposa.

Embora essa decisão possa parecer arriscada para algumas pessoas, é um exemplo do equilíbrio ideal entre liberdade e segurança. A gerontóloga Cláudia Alves, autora do livro “O Bom do Alzheimer”, afirma que permitir a participação de pacientes em atividades fora de casa ajuda na autoestima e na preservação das funções cognitivas.

“Com supervisão constante e algumas medidas simples, como crachá de identificação e uma rotina previsível, é possível garantir inclusão e proteção ao mesmo tempo”, explica Cláudia.

Natural de Malacachê, Olímpia chegou a Brasília em 1975 e construiu uma vida ao lado de José, em meio a trabalho, filhos e 47 anos de companheirismo. Eles se conheceram em um baile no Gama em 1977. “Ele me chamou para dançar, disse que ia me ensinar e nunca mais me deixou em paz”, recorda divertida.

Olimpia Gomes de Santana Nunes idosa de 80 anos cursa turismo na UNB Metropoles 7 scaled

Os primeiros sinais da doença de José surgiram em 2019. “Ele esquecia as coisas, confundia os dias, se perdia em pequenas tarefas. No começo foi difícil aceitar, fiquei com medo de ele me esquecer”, revela Olímpia. O diagnóstico veio com a necessidade de adaptar a rotina da família, compreendendo que o Alzheimer é uma condição progressiva.

“Na faixa etária dos 70 anos, o Alzheimer costuma se manifestar inicialmente com esquecimentos e pequenas desorientações. Com o tempo, pode afetar o raciocínio, a linguagem e o humor. Intervenções precoces ajudam a preservar a qualidade de vida por mais tempo”, explica Cláudia.

A presença do casal se tornou parte da rotina da turma. “Os alunos adoram o Zé. Cumprimentam, abraçam e brincam dizendo que ele também vai se formar”, afirma Olímpia, emocionada. “Ele já é quase um aluno da turma.”

De acordo com a gerontóloga, esse acolhimento é essencial para o bem-estar de quem convive com a doença. “Discutir ou corrigir o paciente gera ansiedade. O ideal é acolher, redirecionar com calma e manter uma rotina estruturada. Além disso, cuidar de quem cuida é tão importante quanto, já que o equilíbrio emocional do cuidador impacta diretamente a estabilidade do paciente”, ressalta Cláudia.

Esse relato de amor e dedicação de Olímpia e José nos faz refletir sobre a importância do apoio mútuo em momentos desafiadores. O que você acha dessa história? Compartilhe sua opinião nos comentários.

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