Motoboys da 25 pagam R$ 30 a PM por escolta de encomenda até a moto

Publicado:

compartilhe esse conteúdo

Na região da Rua 25 de Março, no centro de São Paulo, a insegurança afeta diretamente o trabalho dos motoboys. Para garantir a segurança durante suas entregas, muitos deles contratam policiais militares que atuam de forma informal, mesmo em horário de folga. Esses PMs cobram entre R$ 30 e R$ 50 para uma escolta curta, como a que leva um motoboy da loja até sua moto, uma distância que muitas vezes não ultrapassa 100 metros. Para um dia inteiro de escolta, o valor pode chegar a R$ 300.

Esse tipo de atividade, embora tolerada, é proibida pelo regimento da corporação. As investigações sobre esse esquema geralmente surgem apenas quando o assunto ganha notoriedade na mídia, como ocorreu com policiais que foram presos por receberem R$ 400 por dia para escoltar Vinícius Gritzbach, um delator do PCC, antes de ser assassinado em 2023.

motoboys25demarco04

Os preços dessas escoltas variam dependendo da distância e do valor da carga. Um trajeto de apenas três quilômetros entre a 25 de Março e o bairro do Brás pode custar R$ 150, de acordo com relatos de motoboys. Além disso, muitos eletrônicos vendidos na região não possuem nota fiscal, o que faz com que lojas e quiosques sejam frequentemente alvo de investigações sobre contrabando.

Subnotificação e Crime Organizado

Os assaltos a motoboys na área da 25 nem sempre são reportados à polícia. Muitas vezes, isso ocorre porque os produtos transportados não têm procedência comprovada, o que desencoraja os entregadores a registrarem as ocorrências. Algumas vezes, a própria organização criminosa é procurada para dar esclarecimentos sobre os roubos.

Um motoboy relatou que, após ser assaltado, ele se encontrou com líderes do PCC para discutir o assunto. Durante a conversa, foi questionado se os produtos eram de sua propriedade e se tinha se machucado. O diálogo deixou claro a dinâmica da região: “cada um tem seu trabalho”, referindo-se à sua função de entregar e ao papel dos ladrões.

O que diz a SSP

A Secretaria da Segurança Pública (SSP) não se pronunciou sobre a prática dos policiais militares, mas informou que intensificou as ações no centro de São Paulo, visando combater o crime organizado e reduzir a criminalidade. A SSP destacou que já foram feitas 18,3 mil prisões e apreensões nos últimos 32 meses, além de reforçar o policiamento com mais 400 policiais.

Com relação aos roubos, a Polícia Civil afirma que investiga permanentemente crimes patrimoniais, incluindo ações de falsos entregadores. Eles ressaltaram que, em comparação ao ano anterior, o índice de roubos caiu significativamente na região. A luta contra a criminalidade é constante, e a SSP afirma que os números demonstram que as estratégias estão funcionando.

O cenário para os motoboys da 25 de Março é complexo. Enquanto muitos buscam proteção e segurança em um ambiente hostil, a pressão do crime organizado torna seu trabalho ainda mais desafiador. E você, o que pensa sobre essa situação? Compartilhe sua opinião nos comentários!

Facebook Comments

Compartilhe esse artigo:

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

Com rigoroso acompanhamento, presos do CPTF exercem trabalhos externos durante o período de Natal

Teixeira de Freitas, cidade localizada no extremo sul da Bahia, registra...

Moraes autoriza visita de filhos de Jair Bolsonaro durante internação

Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal, autorizou a visita dos filhos de Jair Bolsonaro durante a internação do ex-presidente...

Morre a flautista Odette Ernest Dias, fundadora do Clube do Choro de Brasília

Morreu nesta quarta-feira (24/12) a flautista Odette Ernest Dias, uma das...