Possível exolua vulcânica explicaria gás incomum em planeta gigante

Uma equipe internacional, liderada por Apurva Oza, do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), anunciou uma forte candidata a ser uma exolua do planeta alienígena gigante WASP-39b. Esse exoplaneta está localizado a cerca de 700 anos-luz da Terra.

A hipótese surgiu após análises realizadas pelo Telescópio Espacial James Webb (JWST), que identificaram dióxido de enxofre na atmosfera de WASP-39b. Essa presença pode ser resultado de erupções de uma lua altamente vulcânica, semelhante a Io, de Júpiter.

exoplaneta WASP 39 b
Representação artística do exoplaneta WASP-39b, que contém dióxido de carbono em sua atmosfera, descoberto em 2023 pelo Telescópio Espacial James Webb. Crédito: NASA, ESA, CSA, Joseph Olmsted (STScI)

O estudo, recém-publicado e aceito pelo Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, reacende a busca por exoluas, que ainda não foram confirmadas. A equipe também compartilhou os resultados na conferência Europlanet Science Congress/Division of Planetary Sciences, em Helsinque, Finlândia.

Resumo dos principais achados:

  • O Telescópio Espacial James Webb detectou dióxido de enxofre em WASP-39b em 2023;
  • A nova análise sugere que o elemento vem de uma fonte externa ao planeta;
  • Variações no diagrama de sódio, potássio e dióxido de enxofre indicam a possibilidade de uma lua ativa;
  • A confirmação da hipótese depende de novas análises de trânsitos e métodos independentes.

Exoplaneta pode ter lua vulcânica semelhante a Io

WASP-39b é um “Júpiter quente”, completando sua órbita em torno da estrela em apenas quatro dias. Devido à proximidade com sua estrela, o planeta atinge temperaturas muito altas, tornando sua atmosfera um laboratório natural para a espectroscopia de trânsitos. Em 2023, o JWST detectou dióxido de enxofre, que, junto com as variações de composição química, sugere a influência de uma lua vulcânica.

Oza comparou essa dinâmica com a de Júpiter e Io, onde as forças gravitacionais criam calor interno e erupções constantes. “A estrela está realmente cozinhando-a, gravitacional e termicamente também”, afirma.

Io, uma das luas de Júpiter, vista do espaço
A lua Io, de Júpiter, é o corpo mais vulcanicamente ativo do Sistema Solar e pode influenciar a presença de dióxido de enxofre em um planeta a 700 anos-luz. Crédito: NASA/JPL-Caltech

Kurt Retherford, do Southwest Research Institute, comentou sobre a relevância das descobertas. Ele menciona que a variabilidade dos sinais químicos indica uma fonte sólida, como uma lua. “Uma origem externa e não planetária é a explicação mais sensata”, disse.

Contudo, o tema gera debates. É difícil manter luas em órbitas tão próximas de suas estrelas. David Kipping, da Universidade Columbia, observa que muitas luas podem se perder nessa migração planetária. Renée Heller, do Instituto Max Planck, acredita que a migração é possível, mas que a sobrevivência de uma lua em uma órbita tão apertada é improvável.

Além disso, a variabilidade química também pode ser influenciada pela estrela hospedeira. Kipping expressa preocupação quanto à compreensão total das estrelas, enfatizando a necessidade de métodos complementares para validar as hipóteses.

Apesar das incertezas, o interesse científico é forte. WASP-39b foi monitorado várias vezes, deixando a possibilidade de que evidências de uma lua estejam escondidas em dados antigos. Oza salienta que técnicas sensíveis podem descobrir uma lua menor que a Terra ou Io.

Próximos passos e importância da pesquisa:

Os próximos passos incluem reprocessar dados arquivados, buscando assinaturas e variações sutis. Medidas repetidas podem ajudar a isolar os efeitos estelares dos sinais de origem orbital. Se a lua realmente existir, sua atividade vulcânica poderia explicar a contínua presença de dióxido de enxofre e de elementos em WASP-39b.

Confirmar a existência de uma exolua ativa abriria novas perspectivas sobre a evolução de sistemas planetários. Além disso, as técnicas desenvolvidas para a exploração espacial podem ter aplicações práticas na melhoria de tecnologias terrestres, beneficiando a saúde e bem-estar das pessoas.

O que você acha dessas descobertas? Deixe sua opinião nos comentários! Queremos saber o que você pensa sobre a busca por exoluas e os mistérios do universo.

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