Cerâmica de 2.700 anos revela dívida do Reino de Judá ao Império Assírio

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Arqueólogos fizeram uma descoberta surpreendente em Jerusalém: a primeira inscrição assíria do período do Primeiro Templo, datada de aproximadamente 2.700 anos atrás. O fragmento de cerâmica foi encontrado nas proximidades do Muro das Lamentações, oferecendo novas evidências de interações oficiais entre o Império Assírio e o Reino de Judá.

A Dra. Ayala Zilberstein, Diretora de Escavações da Autoridade de Antiguidades de Israel, comenta que essa descoberta amplia nossa compreensão sobre a influência assíria em Jerusalém, especialmente em relação ao novo bairro que surgiu nas encostas do Monte do Templo. Essa área parece ter sido um centro para ministros e figuras importantes da época.

A inscrição será revelada ao público nesta quinta-feira (23) durante a Conferência de Novas Descobertas em Jerusalém, promovida pela Autoridade de Antiguidades de Israel e instituições acadêmicas locais.

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Fragmento foi descoberto no Parque Nacional Emek Tzurim (Imagem: City of David Foundation)

Em dívida

Os pesquisadores acreditam que o fragmento fazia parte de um selo real utilizado para autenticar uma carta ou despacho oficial da corte assíria. As análises indicam que o documento estava relacionado a um atraso no pagamento de impostos, mencionando uma data de vencimento comum entre a Mesopotâmia e Judá, além de citar um oficial responsável por carruagens, indicando uma posição de prestígio.

Embora o fragmento não mencione o nome do rei de Judá, o contexto sugere que se refere aos reinados de Ezequias, Manassés ou no início do governo de Josias, quando Judá atuava como um reino vassalo da Assíria. Esses selos eram usados para facilitar a comunicação entre os emissários assírios e os governantes judaicos, transmitindo instruções oficiais e demandas fiscais.

Os pesquisadores também analisam a possibilidade de que a impressão do selo tenha sido enviada durante o reinado de Senaqueribe, rei da Assíria. Isso se baseia nas características da inscrição e na cronologia, possivelmente ligando-se a uma revolta tributária, como mencionado na Bíblia, com novo foco na resistência de Ezequias.

inscricao assiria
Material da peça é totalmente diferente das matérias-primas locais utilizadas para produzir cerâmica (Imagem: City of David Foundation)

Descoberta única

O fragmento, medindo cerca de 2,5 cm, foi encontrado através de um processo de peneiramento úmido, realizado na “Experiência Arqueológica” no Parque Nacional Emek Tzurim. Esse projeto, em parceria entre a Autoridade de Parques e Natureza de Israel e a Fundação Cidade de David, visa garantir a autenticidade das descobertas.

Eu estava vasculhando a terra e de repente notei um fragmento com uma decoração estranha. Quando percebi que se tratava de escrita cuneiforme, fiquei tão animada que chamei todos para ver. Essa é uma descoberta única na vida.

— Moriah Cohen, participante da “Experiência Arqueológica”

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Fragmento foi descoberto graças ao processo de peneiramento úmido (Imagem: Reprodução)

O fragmento foi encontrado em terra que havia sido removida de um canal de drenagem na cidade, datando do período do Segundo Templo, cerca de 2.000 anos atrás. O local é um dos mais próximos a oeste do complexo do Templo, onde já foram encontrados vestígios do período do Primeiro Templo.

Uma análise mais aprofundada revelou que o material do fragmento é diferente das matérias-primas locais usadas para cerâmica em Jerusalém. A composição mineral se assemelha à geologia da Bacia do Tigre, onde cidades assírias como Nínive e Assur estavam localizadas. Um estudo químico colaborativo está em andamento com o Serviço Geológico de Israel para descobrir mais sobre a procedência do fragmento.

Essa descoberta abre novos caminhos para o entendimento da relação entre Judá e Assíria e suas implicações históricas. O que você pensa sobre essa conexão entre os dois reinos? Compartilhe seus pensamentos nos comentários!

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