Anywhere office: trabalho de qualquer lugar é tendência no mercado

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Anywhere office

Trabalhar de casa, do hotel, de um café ou de qualquer lugar do mundo. Essas são as opções da soteropolitana Yanna Figueiredo, 27 anos, que é professora de português para estrangeiros, na hora de dar suas aulas. O que já fez ela desenvolver seu trabalho tanto da sua casa na Ribeira, como na fila da vacina contra a covid-19. Possibilidade que só o modelo de trabalho dela, o anywhere office – escritório em qualquer lugar, em tradução livre -, oferece para as pessoas.

Um cenário que pode parecer distante para alguns, mas é real para muitos. Mais do que isso: é aprovado por empresários. Segundo pesquisa da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), 80% dos gestores das empresas brasileiras aprovam o regime de teletrabalho.

E não é só quem assina os cheques que gosta. Quem os recebe, também. Outro levantamento, esse da consultoria Robert Half, aponta que 62% dos funcionários de empresas não voltariam ao esquema anterior, optando por home office de uma a três vezes na semana. De todos os entrevistados, 22% nunca mais pisaria no escritório, se fosse possível.

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Yanna dá aulas de português para estrangeiros

(Foto: Acervo Pessoal)

Nômades digitais

Se entrevistada pelo estudo, Yanna faria parte dos 22%. Mais do que ensinar em qualquer lugar de Salvador, em breve, ela vai dar aulas de qualquer canto do mundo. “Eu tô planejando passar um tempo trabalhando enquanto moro em cidades diferentes. Começando pelo Nordeste, partindo pra América Latina e indo até onde eu puder. […] Vou virar uma nômade digital”, conta ela, que vai fazer um intercâmbio dando aulas nos Estados Unidos antes disso.

O designer e artista visual Daniel Brasa, 31, já vive essa realidade. Ele começou em território baiano e passou por diversas cidades nos estados da Bahia, Pernambuco e Rio Grande do Norte. Ele faz freelas a partir de empresas que já trabalhou antes e usa a vida de nômade para fazer novas conexões profissionais. “Na pandemia, migrei pro anywhere office. Ficar no home era uma opção ruim. Decidi fazer uma mini turnê pelo Nordeste. Faço trabalhos a partir de conexões antigas e também de oportunidades que vou tendo acesso no caminho”, conta ele, que faz isso há quatro meses.

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Daniel é designer e artista visual

(Foto: Acervo Pessoal)

Jornalista e designer, Ethieny Karen, 23, já passou por Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e chegou à Bahia no anywhere office. “Sou designer em uma agência de marketing, chefe de comunicação de uma escola de inglês para pessoas negras, chefe de comunicação de um fundo para mulheres negras e faço freela para Yahoo e Estadão”, conta ela, que já pensa em sair da capital baiana rumo à paulista.

Prós e perrengues

De acordo com Ethieny, as vantagens do ‘trabalhe de qualquer lugar’ são várias. Porém, existem as desvantagens também. “Não perder tempo no deslocamento e ter flexibilidade de onde e como fazer são as vantagens. Mas tem os contras. […] O principal é que a gente trabalha mais. Presencialmente, dá horário e você vai embora. Assim, não tem muito limite, já recebi mensagem às 23h”, relata.

Daniel Brasa concorda que, apesar de válido, esse modelo tem seus problemas. No caso dele, o principal tem a ver com estrutura. “A vantagem, pra mim, é não se sentir mais preso como é em casa. Quando eu fecho o computador, tenho mais espaço pra existir. O maior perrengue é que precisa ter estrutura,  um espaço apropriado e uma internet boa. Coisa que nem sempre são fáceis de encontrar”.

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Ethieny é jornalista e designer

(Foto: Acervo Pessoal)

Ainda sem sair de Salvador, Yanna Figueiredo também tem vantagens e desvantagens para falar sobre o modelo. “A questão da mobilidade é incrível! Como as aulas são individuais, eu também não sinto problemas com impessoalidade. Desvantagem é corporal. Ficamos muito tempo sentado e nosso corpo não é pra isso. Tem que ficar sempre esperto e ter cuidado porque a coluna reclama”, fala.

Como ser um nômade digitial

Quais  as atividades apropriadas?

Por conceito, o anywhere office está ligado à digitalização das demandas de trabalhos antes feitos presencialmente. Logo, qualquer função que dependa exclusivamente de um computador e uma conexão de internet pode ser cumprida neste modelo de trabalho.

Tanto é que, para além dos profissionais de comunicação, arte e educação ouvidos para esta matéria, profissionais da saúde, contadores, analistas de dados, gerentes de recursos humanos e outras diversas modalidades de emprego já conseguem ter renda com o teletrabalho.

Qual a qualificação necessária?

Além da qualificação indicada para a função que poderia exercer presencialmente, o profissional precisa dominar integralmente o uso dos aparelhos e ferramentas necessárias para a execução das suas funções de maneira digital.

Que recursos mais usados?

Mais do que qualificações profissionais, deve-se ter também a capacidade de adaptação e de criar ambientes produtivos e adequados para o trabalho onde quer que se esteja. Uma internet de qualidade, um escritório bem improvisado e aparelhos de bom funcionamento são indispensáveis.

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