Na madrugada desta terça-feira (4), o senador Carlos Viana, presidente da CPI do INSS, ordenou a prisão de Abraão Lincoln Ferreira da Cruz, presidente da Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Pesca e Aquicultura (CBPA), por falso testemunho. A decisão foi solicitada pelo relator da CPI, deputado Alfredo Gaspar.

É importante ressaltar que essa foi a terceira prisão da CPI. O senador Viana afirmou que, em várias oportunidades, Abraão fez afirmações falsas durante seus depoimentos, prejudicando a verdade em benefício da CBPA, que teria enganado cerca de 240 mil aposentados.

O relator, Alfredo Gaspar, apresentou quatro episódios que fundamentaram o pedido. O primeiro foi o silêncio de Abraão sobre seu conhecimento da pessoa conhecida como Careca do INSS. O segundo envolveu uma declaração enganosa sobre sua relação com Gabriel Negreiros, que na verdade era muito mais próxima do que ele admitiu.

O terceiro ponto mencionado foi a omissão sobre a autoridade de Adelino Rodrigues Junior, que tinha plenos poderes para movimentar recursos da CBPA. O quarto episódio referiu-se à saída de Abraão da Confederação Nacional de Pescadores e Aquicultores, que ele atribuiu à renúncia, enquanto provas mostraram que foi por determinação judicial.

Gaspar destacou que, em todas essas situações, Abraão não foi honesto em seus depoimentos. Ao se recusar a responder perguntas durante a sessão, ele sinalizou à CPI que poderia haver mais complicações, o que acabou levando à decisão de prisão por manter-se em silêncio.

A CBPA, sob investigação da Polícia Federal na Operação Sem Desconto desde abril, teria relações financeiras com empresas ligadas ao Careca do INSS e com políticos de estados como Rio Grande do Norte, Paraíba e Maranhão. O impacto financeiro dessa operação é estimado em R$ 221,8 milhões, envolvendo subtrações dos benefícios de aposentados e pensionistas.

Além de Abraão, foram detidos também Carlos Roberto Ferreira Lopes, presidente da Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais, e Rubens Oliveira Costa, suposto intermediário do Careca do INSS, ambos por falso testemunho.

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