Paris fará homenagens 10 anos após ataque terrorista: ‘Você não se recupera da perda de um filho’

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Nesta quinta-feira, 13 de novembro, Paris relembra uma das datas mais marcantes de sua história: o décimo aniversário dos ataques terroristas que deixaram 130 mortos. Sobreviventes e familiares das vítimas enfrentam os traumas físicos e emocionais causados por essa tragédia, que ainda ressoam em suas vidas.

Uma série de homenagens está programada nos locais dos atentados, como o Bataclan, restaurantes, bares e nas proximidades do Stade de France. O evento incluirá a inauguração de um jardim memorial, em memória das vidas perdidas em 2015, quando a capital francesa foi alvo de uma onda de violência coordenada pelo Estado Islâmico.

Naquela noite fatídica, uma série de fuzilamentos e explosões chocou a cidade. O ataque mais mortífero aconteceu no Bataclan, onde 90 pessoas foram mortas durante um show. Um década depois, as marcas desse dia ainda são visíveis entre os sobreviventes e aqueles que perderam entes queridos.

Eva, uma sobrevivente de 35 anos, reflete sobre seu trauma. Ela perdeu parte da perna após ser atingida e carrega sua história marcada por cicatrizes físicas e emocionais. Apesar de dizer que está “muito bem”, reconhece que “a vida não é fácil todos os dias”.

O impacto psicológico é uma realidade dolorosa. Bilal Mokono, que ficou em uma cadeira de rodas após ser ferido no Stade de France, menciona que o medo o persegue. Por outro lado, há quem deseje seguir em frente. Fabien Petit, que perdeu o cunhado, acredita que é preciso olhar para frente, destacando que o julgamento do único terrorista sobrevivente ajudou a dar um fechamento a essa história.

A tragédia trouxe consequências profundas e, lamentavelmente, alguns sobreviventes não conseguiram lidar com seus traumas. O químico Guillaume Valette e o autor de quadrinhos Fred Dewilde, ambos vitimas, cometeram suicídio anos após os ataques. Os pais de Valette lutaram para que o filho fosse reconhecido como a 131ª vítima dessa tragédia.

O psiquiatra Thierry Baubet alerta que muitas vítimas ainda sofrem em silêncio, mas destaca que o acesso ao tratamento para traumas melhorou significativamente desde 2015. Mais uma vez, ele reitera que nunca é tarde para buscar ajuda.

Recentemente, Salah Abdeslam, condenado pelo atentado, manifestou interesse em um processo de “justiça restaurativa”, buscando diálogo com as vítimas. Essa proposta gerou interesse em algumas associações que representam os afetados, numa tentativa de promover a reconciliação.

A ameaça terrorista continua sendo uma preocupação. Olivier Christen, fiscal nacional antiterrorista, destaca que a situação jihadista tem se intensificado nos últimos anos. Para homenagear os afetados, a Torre Eiffel foi iluminada com as cores da bandeira francesa, e telas foram colocadas na Praça da República para que o público possa acompanhar as cerimônias.

O historiador Denis Peschanski lembra que a memória coletiva tende a se fixar no Bataclan, mas é essencial recordar todos os locais afetados. Roman, sobrevivente do ataque ao restaurante La Belle Équipe, decidiu ser professor para compartilhar essa história com os jovens, acreditando que a educação é uma forma de evitar que algo semelhante aconteça novamente.

A dor da perda é um fardo contínuo para muitos. Eric Ouzounian, que perdeu sua filha, expressa a profundidade de sua dor ao afirmar que “você não se recupera da perda de um filho”. Seu desdém pelas homenagens oficiais e críticas às políticas que, segundo ele, criaram “zonas de desespero”, refletem um debate muito presente na sociedade francesa sobre o extremismo.

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