‘O sangue escorria’: os relatos de sobreviventes do massacre de El Fasher, no Sudão

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A cidade de El Fasher, no Sudão, está em choque após um massacre brutal. Desde 26 de outubro, quando as Forças de Apoio Rápido (FAR) tomaram o controle local, a situação se agravou na região. Este conflito reflete um cenário já marcado por conflitos na década de 2000.

Munir Abderahman, um adolescente de 16 anos, escapou para o Chade após uma jornada angustiante de 11 dias. Ele estava no hospital, velando seu pai, um militar ferido, quando os tiros começaram. “Chamaram sete enfermeiros e os reuniram em uma sala. Ouvimos tiros e vi sangue escorrendo por baixo da porta”, contou em um relato impactante à AFP. Infelizmente, seu pai morreu poucos dias depois, enquanto tentavam escapar.

Desde abril de 2023, as FAR estão em conflito com o exército regular. A cidade de El Fasher, capital do estado de Darfur do Norte, agora abriga traumas profundos. Muitos moradores relatam o aumento dos bombardeios antes da invasão das FAR, levando a população a se esconder em locais improvisados para se proteger.

Hamid Souleyman Chogar, de 53 anos, recorda o horror ao ver corpos na rua. “Sempre que subia para tomar ar fresco, via novos cadáveres. Decidi fugir na noite de 26 de outubro”, disse. Ferido em um conflito anterior, ele conseguiu escapar em uma carroça, atravessando uma cidade repleta de destruição.

Outro sobrevivente, Mahamat Ahmat Abdelkerim, lembrou do desespero ao tentar se abrigar com a família. Ele perdeu um filho dias antes, e ao ver os faróis das FAR iluminando a noite, correu para se esconder com sua esposa e filhos. Os relatos de brutalidade e mortes civis são comuns entre os que conseguiram fugir.

Mouna Mahamat Oumour, de 42 anos, também fugiu, e descreveu a cena trágica de como perdeu sua tia em um ataque. “Caminhamos sem olhar para trás”, disse, enquanto relatava a acumulação de cadáveres ao longo da fuga.

Após saírem de El Fasher, os refugiados enfrentam mais dificuldades, como violência nos postos de controle. Mahamat teve seus bens roubados, mas precisou pagar para passar. Alguns relatos incluem discriminação racial e ataques aleatórios aos moradores.

Atualmente, cerca de 90.000 pessoas já fugiram de El Fasher, segundo dados da ONU. A previsão é de que esse número continue a crescer nos próximos meses, dado o aumento dos conflitos. O Sudão vive a pior crise humanitária do mundo, com milhares de mortos e milhões de deslocados.

Esses relatos nos mostram o quão desesperadora é a situação no Sudão. O que você pensa sobre essa realidade? Deixe sua opinião nos comentários.

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