Em um dos movimentos diplomáticos mais importantes desde o início da guerra há dois anos, o Conselho de Segurança da ONU aprovou o plano de paz proposto pelos Estados Unidos para Gaza. Agora, começa a parte mais desafiadora: transformar essa resolução em ação.
Os próximos dias serão decisivos para determinar a formação da força internacional que atuará no enclave. Também será necessário negociar o papel de Israel e do Egito, contornar a rejeição do Hamas e enfrentar a crise política que a resolução desencadeou em Israel.
A resolução, aprovada por 13 votos, com abstenções da Rússia e da China, concede um mandato legal para a criação de uma Força Internacional de Estabilização (ISF). Essa força será responsável por entrar em Gaza, desarmar grupos armados, proteger civis e assegurar rotas seguras para ajuda humanitária.
Além disso, o plano prevê a instituição de uma governança transitória, supervisionada por um “conselho de paz” liderado pelo presidente Donald Trump. O objetivo é coordenar os tecnocratas palestinos e gerenciar a reconstrução do território.
O primeiro desafio será diplomático. Washington iniciará imediatamente conversas com países árabes e aliados para definir quais tropas serão enviadas e como funcionará o comando unificado da ISF. Os EUA afirmam que diversos países, incluindo Indonésia e Azerbaijão, já se dispuseram a integrar essa força.
Outro ponto importante é negociar a saída gradual de Israel de Gaza, enquanto uma nova força policial palestina é treinada para atuar sem vínculos com o Hamas. O Banco Mundial deve formalizar, nos próximos dias, um fundo fiduciário para financiar a reconstrução do enclave.
Defendendo o plano no Conselho de Segurança, o embaixador dos EUA na ONU, Mike Waltz, descreveu Gaza como um “inferno na Terra” e chamou a proposta de uma “tábua de salvação”, expressando gratidão aos países que, segundo ele, ajudaram a traçar um novo rumo para a região.
Hamas rejeita plano de paz
O Hamas imediatamente rejeitou o plano, considerando a resolução “perigosa” e um “mecanismo de tutela internacional” sobre Gaza. A organização afirmou que não aceitará um desarmamento, nem a presença de forças estrangeiras, argumentando que isso violaria a soberania palestina.
Em um comunicado, o grupo disse que o mandato atribui à força internacional funções que a retiram da neutralidade e a colocam a serviço da ocupação. Reafirmaram que qualquer força só poderia atuar nas fronteiras para monitorar um cessar-fogo.
Essa resistência pode colocar em risco um dos pilares do plano: desmantelar arsenais de grupos armados e criar um ambiente seguro para começar a reconstrução.
Tensões políticas em Israel
A aprovação do texto provocou turbulência política em Israel. O governo de Benjamin Netanyahu enfrenta crescente pressão interna após o Conselho de Segurança mencionar a possibilidade de um Estado Palestino, ainda que sem a definição como objetivo imediato.
Netanyahu afirmou que sua oposição à criação de um Estado Palestino “continua válida e não mudou”, após aliados na coalizão ameaçarem abandonar o governo caso o primeiro-ministro não se posicionasse contra o plano.
Enquanto isso, as tensões persistem na Cisjordânia, onde ataques de colonos israelenses, incluindo incêndios em casas palestinas, desafiam qualquer tentativa de estabilização.
O desenvolvimento dessa situação é muito importante e pode afetar diretamente a vida dos moradores da região. O que você pensa sobre esses novos desdobramentos? Compartilhe sua opinião nos comentários.

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